sábado, 4 de março de 2017

GELL é notícia no Diário Popular em 05/03/2017

Em 04-05/03/2017, O GELL foi notícia no Diário Popular. Leia a matéria publicada lá...

A inspiração que vem das heroínas

Pedagogas propõem diálogo sobre as questões de gênero com meninas do Ensino Fundamental por meio da literatura.
Por: Ana Cláudia Dias
anacl@diariopopular.com.br 



Futuras educadoras se propõem a ler para os pequenos histórias que fazem pensar. (Foto: Divulgação)
Futuras educadoras se propõem a ler para os pequenos histórias que fazem pensar. (Foto: Divulgação)
Cristina Rosa diz que livros ajudam a educar com mais delicadeza. (Foto: Jerônimo Gonzalez)
Cristina Rosa diz que livros ajudam a educar com mais delicadeza. (Foto: Jerônimo Gonzalez)
Pesquisa de autores  e obras já tem mais de 20 anos na FaE/UFPel. (Foto: Jerônimo Gonzalez)
Pesquisa de autores e obras já tem mais de 20 anos na FaE/UFPel. (Foto: Jerônimo Gonzalez)
  Nesta quarta-feira as questões do feminino servirão de tema para muitas conversas. Debates estes fomentados pelo Dia Internacional da Mulher, data celebrada há exatos 40 anos. Em Pelotas uma extensa programação traz à tona diferentes abordagens a assuntos que ainda precisam ser tratados, a exemplo de sexualidade, discriminação, trabalho e renda e violência, entre outros. A arte e o fazer artístico também se apresentam para contribuir com esta discussão. Uma destas ações culturais ocorrerá dia 8 mesmo e é promovida pelo Grupo de Estudos em Leitura Literária (Gell/FaE/UFPel) e se integra a outras atividades desencadeadas pela Faculdade de Educação.
        Na quarta-feira pela manhã, das 9h às 11h, será desenvolvido o projeto Leituras para Meninas, que pretende abordar, por meio da literatura, algumas das temáticas que afetam adolescentes e pré-adolescentes. A atividade será na biblioteca Cristina Maria Rosa, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Fernando Treptow, no Fragata. O público-alvo é de alunas dos 7º, 8º e 9º anos.

O grupo de leitoras de histórias também estará em ação à tardinha, com leitura aberta ao público para mulheres com textos de autoras. O horário e o local, até o fechamento desta edição, não foram confirmados.

Sem violência

A professora Cristina Maria Rosa, que atua na área da Literatura para Crianças há 25 anos na FaE/UFPel, diz que os textos selecionados fogem ao universo ficcional do príncipe e da princesa e colocam meninas ou mulheres como protagonistas. “São textos que extrapolam os papéis clássicos destinados culturalmente ao gênero feminino.”
O desejo de levar novos subsídios literários especialmente às meninas da Fernando Treptow surgiu no ano passado, quando a professora e suas alunas da Pedagogia organizavam a Biblioteca.
Cristina Rosa e as estudantes perceberam no comportamento das meninas pré-adolescentes a entrada no “mundo do poder” de forma preocupante.
A professora e seu grupo fazem relatos de violência entre meninos e meninas. “Elas têm tanta força quanto, ou pensam que têm e resolvem os conflitos do mesmo modo que os meninos, batendo, empurrando, xingando. Não que isto seja necessariamente um problema, mas para mim é muito estranho que nós não tenhamos nada a oferecer para este lugar masculino ocupado pela violência”, diz a professora.
Para Cristina, é importante dar subsídios as estas meninas para que elas possam ofertar, para elas mesmas e para os meninos, saídas para os conflitos de forma mais emocional, criativa e menos violenta. “Pensei que podemos ofertar o que nós temos, que são histórias em que os personagens principais são meninas, mocinhas ou mulheres. E que trazem saídas inusitadas para as narrativas clássicas, mais inteligentes, sem destruir o outro, seja ele homem ou mulher”, sugere.
Outra preocupação é quanto à sexualidade, precocemente aflorada. O tema é abordado entre as jovens durante os intervalos das aulas  e despertou o desejo de pensar, junto com elas, sobre a temática. Segundo a Pedagoga, essas questões não podem estar somente no pátio se elas integram o grupo de interesses das meninas: “A Universidade pode aportar saberes para que eles possam dialogar de maneira mais aprimorada. Ou vamos deixar isto só para o recreio, para os momentos de afrontamento, quando elas se veem soltas dos limites da sala de aula? Ali, no pátio, ocorre o que realmente elas estão interessadas em discutir.”
Para os pequenos
Apesar de apostar na literatura infanto-juvenil como um recurso para alavancar as discussões em sala de aula, Cristina Rosa, doutora em Educação, com pós-doutorado em Estudos Literários para a Infância, conta que somente nas últimas quatro décadas os autores brasileiros passaram a trazer mais fortemente as questões humanas para os livros dos mais jovens. “Na Europa estes temas já estão na literatura infanto-juvenil, há mais tempo”, diz.
Desde que a literatura infantil brasileira saiu de uma proposição mais rural, caso de Monteiro Lobato, e ingressou na vida urbana - no final dos anos 1930, quando surgiram os primeiros personagens das cidades - é que temas políticos e sociais brasileiros apareceram em forma de livros para os pequenos. Entre os destaques está Bisa Bia, Bisa Bel (1981), de Ana Maria Machado, que passa a discutir a condição humana e urbana para meninos e meninas. “Antes, não se discutia o íntimo dos personagens, eram príncipes, princesas e aventuras.”
Grupo
Capitaneando o grupo de literatura e leitura há quase 20 anos, Cristina Rosa dedicou-se a estudar a área da literatura. Paralelamente criou na Universidade um grupo que leva às escolas esse aporte teórico e metodológico, ou seja, quais obras e como ler, e que está apto a apresentar um livro às crianças em qualquer ambiente - escolas e feiras: “Elas leem livros, não contam histórias.”

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