terça-feira, 26 de setembro de 2017

Outubro literário na Sala de Leitura Erico Verissimo

Criada para promover a leitura literária no espaço acadêmico, a Sala de Leitura Erico Verissimo abre o mês de outubro em novo local: um espaço lúdico no Casarão 8.
Em comemoração ao mês da criança, integra-se a outras atividades da Primavera dos Museus, oferecendo leitura literária a crianças e suas escolas.
Durante todo o mês de outubro, a sala estará ambientada para receber crianças acompanhadas por seus professores e familiares. Para agendar sua escola, é só ligar para o telefone da Sala de Leitura.
A Fada Madrinha, o Senhor Sabetuuuudo, a Branca de Neve e a Chapeuzinho Vermelho estarão esperando no local, para ler para as crianças. O Príncipe Sapo, a Sininho, a Bruxa Meméia e a Girafalda Bichófila já escolheram seus livros prediletos e não vão perder a oportunidade de mostrar quem sabe ler melhor.
Neste mês, também, todas as leituras para o grupo de crianças do CRAS, que ocorriam nas manhãs das sextas-feiras na FaE/UFPel,  serão realizadas no Casarão 8, às quartas-feiras, das 9 às 11 horas.


Veja o cronograma do Outubro Literário da Sala de Leitura Erico Verissimo!
Agende suas escola e participe!

Cronograma de Outubro
Dia e hora
Programa
Onde
30/09 - Sábado
16-17 horas
Leituras Literárias no Primavera dos Museus
Sala de Leitura
Casarão 8
05/10
9-11 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8
06/10
15-18 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8
12/10
9-11 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8
13/10
15-18 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8
19/10
9-11 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8
20/10
15-18 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8
25/10
9-11 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8
26/10
15-18 horas
Leituras Literárias no Outubro literário
Sala de Leitura
Casarão 8



sexta-feira, 1 de setembro de 2017

EMEI Ruth Blank: um dia de leitura literária

A sala de leitura e a formação do leitor literário
As micropolíticas de leitura literária desencadeadas pela Sala da Leitura Erico Verissimo da FaE/UFPel buscam aproximar universitários dos livros e do gosto por ler, além de estabelecer contato profícuo com a escola e os futuros leitores. Integrada à Licenciatura em Pedagogia, a Sala de Leitura é um espaço de exercício qualificado dos saberes literários como saberes docentes (PAULINO, 2001) e pauta-se pelo argumento de que a formação do mediador literário é estruturador e primordial no exercício cotidiano da docência, nos anos iniciais da escolarização, que, no Brasil, é obrigatória desde os 4 anos de idade.
Pesquisas indicam que a totalidade das crianças que chegam à escola pública precisam ser alfabetizadas literariamente (ROSA, 2015), uma vez que parte considerável das famílias das quais são oriundas, leem pouco. Literatura? Quase nada.
Resultados de pesquisas recentes indicam que o acesso à leitura literária e o consequente conhecimento de obras, gêneros, ritos e benesses de práticas letradas ocorrem primordialmente na escola. É nela que as crianças, desde tenra idade, veem professores lendo, manipulam livros e seus conteúdos e dialogam sobre tramas e seus desfechos.
Sem essa “apresentação”, a leitura literária tem vida curta nos poucos anos de escolaridade a que são submetidos os filhos das classes populares e cabe ao docente – ao professor dos anos iniciais, especialmente do pré-escolar ao quinto ano – ser capaz de tornar o experimento com os primeiros livros e a variedade de gêneros, uma experiência na vida dos pequenos.
Ao propor e desenvolver micropolíticas de leitura, entre elas, leituras literárias para crianças na escolas, a Sala de Leitura Erico Verissimo tem se tornado um lócus desencadeador de relações múltiplas com o livro e a literatura, mas, também, com a formação de leitores e mediadores.
Na Escola Infantil Ruth Blanck em 31/08/2017
A primeira sensação quando se adentra os espaços coloridos e o entrono arborizado da Escola Municipal Infantil Ruth Blanck, localizada no Parque Dom Antonio Zátera, em Pelotas, é de bem estar.
Crianças, em três turmas por turno, brincam, aprendem, dançam, modelam, desenham e pintam, ouvem violão e cantam, leem e ouvem narrativas, falam, escutam e argumentam.
Pela manhã, integrado à programação da Sala de Leitura Erico Verissimo na Semana “Ler não entra em recesso”, um grupo de personagens do GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária esteve na escola. A escolha foi ler A Zeropeia, de Betinho e Assim Assado, de Eva Furnari.
Encantados com os personagens, as crianças e suas professoras mostraram que a leitura, ali, não é novidade ou festa: é habito. Como disse Bartolomeu Campos de Queirós, professor tem de ter hálito de leitura e, pareceu que ali, isso é o que todos têm.
Pela manhã, uma Bruxa, a Fada Madrinha e a Doutora Girafalda Bichófila, Veterinária do Sítio do Picapau Amarelo, abriram seus segredos para as crianças: livros, maletas, varinhas mágicas, histórias do passado.
À tarde, além da Fada Madrinha e a Doutora Girafalda Bichófila, a Cinderela – toda vestida em azul turquesa e portando seus encantadores sapatos de cristal – também apareceu. De carruagem, veio conversar com as crianças, ler histórias e contar de seus bailes.
As meninas e meninos bailarinos da escola, ficaram tão empolgados que resolveram dançar para ela.
Foi um espetáculo!
Ao fim da tarde, depois da leitura e do show de dança, ela convidou a todos para o próximo baile no castelo. As crianças ficaram empolgadas e prometerm pensar...
O GELL - Grupo de estudos em leitura literária - escolheu um pequeno grupo de livros para apresentar às crianças. É uma estratégia, para tornar o tema da obra e seu desfecho uma possivilidade de diálogo entre as professoras que, desse modo, podem colher informações sobre como uns e outros receberam a leitura.
Entre os livros levados pelo GELL, os que as crianças mais gostaram foram os da Eva Furnari, a prima escritora e ilustradora da Bruxa. Mas A Zeropeia, do Betinho, foi lido em todas as turmas e muito bem recebido. A Tainá, que tem só quatro anos, adorou. Ela sabe folhear direitinho!
EMEI Ruth Blanck
A Escola Municipal de Educação Infantil Ruth Blanck é uma escola encantadora: pelo clima, pela localização, pelas professoras e direção que nela trabalham e pelo ideal que ela mantém ativo: ofertar às crianças a arte em várias expressões.
Em retribuição ao grupo da Faculdade de Educação que lá esteve a Direção da Escola ofertou o espaço para estágios, saraus, cursos e palestras. Nós agradecemos!

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Hálito de leitura: ENTREVISTA de Bartolomeu Campos de Queirós a Juliana Ângelo, Rosangela Guerra e Silvana Costa. Revista Presença Pedagógica. NOVEMBRO/DEZEMBRO DE 2007.
Link: http://presencapedagogica.com.br/

Bartolomeu Campos de Queirós: uma entrevista

“A escola só cumpre sua finalidade se forma leitores”
Por: Fernanda Baroni

Entrevistar o escritor Bartolomeu Campos Queirós é como conversar sobre literatura na varanda de casa. Sem rodeios, o mestre dá dicas, fala sobre o processo de criação, expõe idéias, desvenda segredos e nos mostra que ainda há muitos caminhos a serem trilhados por nossos pensamentos.
Seus textos são muito emocionais, voltados para as descobertas e inquietações dos personagens. Você já afirmou que a Literatura Infantil não precisa ser um textinho fácil, e seus livros acabam atingindo leitores de todas as idades. Como é seu processo de criação? Você pensa em um leitor específico quando escreve uma história?
Quando escrevo procuro exercer o melhor de mim. Procuro uma linguagem direta, clara, frases curtas, o que não impede o texto de suportar uma análise literária. Exploro as metáforas, não apenas como figura de estilo, mas a metáfora permite vários níveis de entendimentos. Não seleciono o assunto, não gosto de literatura com destinatário, dividindo o mundo como se existisse um mundo para criança e outro para os adultos. A existência é um fio único que começa no nascimento e encerra com a morte. Tento construir um texto sem fronteiras. Cada leitor se inscreve nele a partir de suas experiências. Todos vivemos num mesmo mundo e somos portadores da fantasia,que nos permite dialogar com o universo.
Você segue alguma rotina? Acha que as palavras perfeitas devem ser buscadas ou elas surgem, espontâneas, num ato de inspiração?
O texto é feito de palavras. As palavras além de escritas são sonoras quando pronunciadas. Ao buscar configurar um texto busco construir com as palavras uma frase melódica capaz de embalar o leitor. Tenho uma rotina de trabalho. Escrevo sempre que estou em casa. Quando viajo não escrevo. Preciso sempre de dicionários. Eles são muitos e consulto as palavras em suas muitas aplicações. Dicionário de símbolos, de psicanálise, de filosofia, de mitologia, biblíco, etc.
Quanto tempo costuma se passar entre a idéia da história na sua cabeça e o objeto livro nas prateleiras?
Hoje eu peço às editoras uma produção mais imediata de meus textos. Sou impaciente. Não gosto de organogramas ou planejamentos a longo prazo. Quando terminei o texto O olho de vidro do meu avô, a editora pediu dois meses para ter o livro nas livrarias. Mas se o texto é para crianças ainda em fase de início de leitura, o livro exige mais tempo por precisar de mais ilustrações e seduzir mais o pequeno leitor. É preciso dar tempo ao ilustrador.
Como uma criança que aprendeu a ler decifrando as palavras escritas na parede de casa desenvolveu essa relação tão profunda com a Educação?
Eu sempre possuí um carinho com as palavras. Sou bastante silencioso. Acho mesmo que escutar é superior a falar. Passei a ter maior admiração pelas palavras depois de viver um processo de psicanálise. Experimentei que as palavras realizam o que anunciam. Comecei minha vida profissional trabalhando com crianças numa escola de demonstração do MEC. Daí minha confiança na escola como lugar do refinamento da percepção.
Como você vê a Literatura no cenário da Educação no Brasil de hoje? O que você acha que poderia ser feito para melhorar isso?
Vejo com alegria a preocupação, tanto da escola como de toda sociedade, com a formação do leitor. A escola só cumpre sua finalidade e se torna permanente na vida do aluno quando forma leitores. O sujeito sai e continua se educando vida afora. Acredito que devemos facilitar a aproximação do professor com a literatura. Para criar o hábito da leitura o professor tem que possuir hálito de leitura. O trabalho maior deve ser junto dos professores, para que eles deixem também transbordar seu gosto pela leitura.
FNLIJ tem obtido grandes conquistas no sentido de levar coleções de qualidade para serem adotadas nas escolas. Você acha que o mercado dos livros didáticos corre paralelamente ao mercado editorial de um modo geral?
A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil tem realizado trabalho significativo e consistente para a promoção do livro e do leitor no Brasil. Todos os movimentos que aconteceram no Brasil tiveram a participação da FNLIJ. É uma entidade que se preocupa com a literatura e nem tudo que está em livro pode ser considerado literário. Vejo o livro didático como importante se executado com excelentes critérios. É preciso considerar que a escola é mesmo o lugar da informação e da transformação. O livro didático e o literário dão coragem ao leitor para transformar, criar, acrescentar.
Algumas pessoas têm a idéia, equivocada, de que criança não gosta de poesia. O que você diria a estas pessoas?
As crianças gostam sim de poesia. É preciso saber apresentar a poesia para elas. A poesia é um texto contido, econômico, com bastante abertura para o leitor apreciar seus tantos sentidos. Depois a criança gosta do jogo com as palavras, das rimas rimas, do inusitado. A criança é um ser aberto para o mundo. O que não podemos ter é um conceito de criança. Cada criança é um conceito. Algumas podem gostar de poesia e outras de mistério. O importante é gostar de algum estilo. É preciso descobrir.
Como você se definiria enquanto autor?
Como autor sou um operário. Como o pedreiro organiza os tijolos para tornar resistente as paredes, eu organizo as palavras para desfazer os muros, acreditando na liberdade como a maior das conquistas.
E como leitor? Quais os autores que você lê? Que tipo de leitura você aprecia?
Leio sempre e muito. Chego a pensar que ler é superior a escrever. Com a leitura eu somo muitos em mim. Quando escrevo eu divido. Leio muita teoria, gosto de romances, mas a poesia me seduz. Gosto de tantos poetas que fica difícil enumerá-los: Drummond, Bandeira, João Cabral, Cecília Meireles, Affonso Romano, Manuel de Barros, Henriqueta Lisboa, sem falar nos estrangeiros e esquecendo muitos. Não se lê poesia. Poesia a gente relê sempre.
O que o Bartolomeu Campos Queirós gosta de fazer quando não está escrevendo?
Posto de pensar. E pensar é um ato operatório, é tentar adivinhar os avessos. O escritor sabe que o olhar não esgota o olhado. Só a imaginação chega dentro das coisas, no interior. Vou ao cinema, escuto música, adoro ir ao correio, visitar livrarias e estar com amigos. Mas o que faço com alegria é cozinhar. É uma hora em que não penso em nada a não ser nos temperos e sabores.
Que conselho você daria para jovens autores que ainda não conquistaram um espaço no mercado editorial brasileiro?
Eu comecei meu trabalho participando de concursos. Acho um bom caminho. É mais independente, mais isento. Mas encaminhar texto para as editoras é um bom caminho. Os editores, em geral, são bastante sensíveis e abertos para bons textos.

Fernanda Baroni  é uma jornalista apaixonada por Literatura Infantil. O trabalho como repórter, assessora de imprensa, profissional de comunicação de um modo geral, é gratificante, mas não tira o gostinho de um dia dedicar seu tempo à Literatura. Seja para falar sobre esse assunto tão especialmente inesgotável ou para encontrar sua linguagem e seu espaço nessas esquinas de palavras. fernanda.baroni@uol.com.br
FONTEhttp://www.amigosdolivro.com.br/