terça-feira, 2 de junho de 2020

Catar piolhos: um continho


Catando piolhos
Alessandra Steilmann
Cristina Maria Rosa


Quando eu era pequena, minha Nonna nos dava dois reais para catar seus piolhos.
A Nonna não tinha piolhos.
Mas gostava de carinho.
Que penteássemos seus cabelos...
Que a tocássemos.
Minha Nonna nos dava dinheiro, uns trocados, para catar piolhos.
Para acarinhá-la enquanto nos contava histórias.
Do seu tempo e de sua meninice...
E isso me faz lembrar Daniel Munduruku.
Ele disse que “educar é como catar piolho na cabeça de criança”
E o que seria isso, eu perguntaria, se estivesse em sua frente.
Antes de eu perguntar, ele responde: “É preciso ter confiança, perseverança e certo despojamento”.
Mas Daniel, assim como minha Nonna, sabe que é preciso, também, “conquistar a confiança de quem se quer educar, para fazê-lo deitar no colo e ouvir histórias”.

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