sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Trinta e um de outubro em poesia...

 


Dia da Poesia

Cinara Postringer

 

Hoje podemos considerar um dia especial, um dia para pensarmos um pouco na poesia, um tema literário consagrado e reconhecido como gênero lírico. Na literatura, a poesia é conhecida como a arte de compor ou escrever versos. Nela prevalece a estética da língua sobre o conteúdo, de forma que utiliza diferentes dispositivos fonéticos, semânticos e sintáticos. Desse modo, auxilia na aquisição da linguagem, desenvolvimento de habilidades da escrita e do pensamento crítico.

A poesia estimula os pequenos desde cedo na prática de leituras, mas será que todos os brasileiros sabem o que é poesia?

E por que esse dia é comemorado?

No Brasil, no dia 31 de outubro comemora-se o dia Nacional da poesia, sancionado pela lei de número 13.131, de 3 de junho de 2015. Essa data foi escolhida por ser o nascimento de Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro que é também importante contista e cronista do século XIX.

Anos antes de 2015, essa data era comemorada no dia 14 de março, em homenagem ao poeta Antônia Frederico de Castro Alves. Porém, esta celebração não era oficializada e a mudança da data ocorreu para definir e marcar um dia só para quem ama a poesia.

O projeto com a proposta de mudança foi sugerido pelo Senador Álvaro Dias, desde então a data e a homenagem aos poetas, em geral, também serve para lembrar a riqueza e importância cultural que a arte poética representa, busca incentivar a leitura desse gênero literário que nos demonstra sentimentos, emoções, é tudo aquilo que nos cerca e nos comove, é harmonia, encanto, sensibilidade, amor e vida que nos enche de emoções, ler, nos apresenta um mundo novo e mágico, nos traz sabedoria e encantamento.

Rimas?

Versos?

Estrofes?

Do que é composta a poesia?

Nem sempre a poesia é escrita em versos e com rimas.

Mário Quintana, por exemplo, em suas poesias para adultos e crianças não traz muitas rimas, ele nos apresenta uma poesia mais individual caracterizada pelo humor, e pela simplicidade.

Outro exemplo de poesia que extrapola essas generalizações é a escrita poética de Cecília Meireles que, com temas universais, atemporais, revolucionou o que a soceidade brasileira entendia por poesia no século XX.

Também temos Vinícius de Moraes que nos mostra uma mistura lírica, simplicidade, formas clássicas de escrita, e motivos populares que levaram a musicalização, como, por exemplo, “A Casa” que está escrita em um dos seus livros com escritas infantis.

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Pauta estudantil: por uma FaE Dialógica e Inclusiva!

 

Pauta estudantil:

por uma FaE Dialógica e Inclusiva!

Ana Lúcia Rodrigues de Oliveira

Daniel Borba e Ávila

Larissa Mendes

Michele Duarte Huch

 

 

No domingo, dia 18 de outubro, um grupo de discentes da Licenciatura em Pedagogia e do Programa de Pós-Graduação em Educação se reuniram. O foco foi reunir em uma pauta, as demandas estudantis à FaE Dialógica e Inclusiva.

Envolvidos no apoio à Candidatura de Antônio Maurício e Vania Grim Thies à Direção da Faculdade de Educação da UFPel, pleito que inicia hoje e terá os resultados revelados na quinta, dia 22/10, durante duas horas o diálogo gerou um clima de reinvenção de desejos e projetos  dos estudantes que circulam ou já circularam nos corredores e salas de aula da FaE.

O que desejam os estudantes?

1.               O fortalecimento do Diretório Acadêmico: com o intuito de dar voz e vez aos estudantes. O grupo pensa que estudantes devem ser autores de suas demandas e percebem que este objetivo está proposto no Plano de Gestão da FaE Dialógica e Inclusiva:


Apoiar ações de existência e resistência junto ao Diretório Acadêmico da Faculdade de Educação (DAFE), bem como junto aos representantes dos cursos de Pós-Graduação”.

 

2.          Oportunizar espaços de ensino, pesquisa e extensão para os alunos do primeiro semestre, refletindo, por meio do diálogo, com o sujeito discente. Como a FaE/UFPel pode auxiliá-lo no seu processo de construção do conhecimento? Para responder, é importante construir este vínculo desde o início do curso, evitando, por falta de comunicação, o desinteresse e a evasão. No Plano de Gestão da FaE Dialógica e Inclusiva, esse tema foi tratado:


Apoiar projetos de ensino, pesquisa e extensão que promovam, sobretudo, a inclusão, a democracia e a pluralidade de ideias”.

 

 

3.          A revisão de disciplinas, seminários, palestras, workshops, entre outras ofertas de conteúdos e formatos no âmbito da Educação Especial. Hoje, a sensação é que os discentes que concluem a Licenciatura em Pedagogia tem parca ou inadequada formação para atender crianças e jovens especiais. No Plano de Gestão da FaE Dialógica e Inclusiva, esse tema foi assim abordado:


Fomentar a implantação dos novos currículos dos cursos de pedagogia diurno e noturno, considerando a pluralidade de público e demandas”; e “Dar suporte para a qualificação dos cursos de pedagogia diurno e noturno”.

 

4.          Criar um mapeamento para verificar as demandas de permanência, alimentação, locomoção e acesso ao material da bibliografia básica de disciplinas que os estudantes possam ter. A pluralidade no ingresso demanda que sejamos atentos às necessidades básicas de cada indivíduo, criando, assim, uma mediação entre DAFE e DIREÇÃO na manutenção de um grupo de apoio. Percebemos essa intensão ao ler o Plano de Gestão da FaE Dialógica e Inclusiva, no qual está escrito:

 

Promover ações de acolhimento e diálogo permanente com os estudantes da Pedagogia” e “Contribuir com o desenvolvimento de ações afirmativas e de inclusão, por meio do fortalecimento do diálogo com os coletivos organizados, bem como a Coordenação de Inclusão e Diversidade (CID) da UFPel e os núcleos que a compõem: Núcleo de Gênero e Diversidade (NUGEN), Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) e Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade (NUAAD)”.

 

5.          Fomentar a valorização dos professores e egressos da FaE, possibilitando a contribuição destes profissionais com a formação dos estudantes da licenciatura. Acreditamos que relatos de experiência de licenciados e professores da rede podem criar ou potencializar uma “cultura de acolhimento e pertencimento”. Percebemos que no Plano de Gestão da FaE Dialógica e Inclusiva, essa demanda foi pensada:

 

Acompanhar os egressos dos cursos de Pedagogia através de uma avaliação permanente que qualifique a formação inicial e continuada” e “Acompanhar os egressos dos cursos de Pedagogia através de uma avaliação permanente que qualifique a formação inicial e continuada”.

 

 

6.          Gerar e suprir uma nova cultura de interligação entre a Graduação e a Pós-Graduação de forma a criar um laço de construção plural entre as formações. Sonhamos em ampliar o conhecimento e não a disputa!  O Plano de Gestão da FaE Dialógica e Inclusiva pensou nisso, pois deseja:

 

Favorecer a articulação entre a graduação e os diferentes cursos de pós-graduação, promovendo o diálogo entre os estudantes desses cursos”.

 

7.          Criação de salas interativas para convivência e trocas de experiências. Esse desejo está incluso no Plano de gestão da FaE Dialógica e Inclusiva:


“Construir um plano diretor, por meio do diálogo, com as outras unidades do Campus das Ciências Humanas e Sociais, para otimização dos espaços diversos, tais como laboratórios de informática e laboratórios de ensino, considerando as diferentes formas de inclusão, visando a pluralidade das áreas do conhecimento”.

 

Representação discente: mais e mais

Os estudantes reunidos no domingo, dia 18/10, salientam a importância da representação discente na tomada de decisões que dizem respeito à FaE;

Desejam que se ampliem as mobilizações para que mais estudantes estejam presentes nesses espaços de diálogo;

Acreditam que a FaE Dialógica e INCLUSIVA, respeitará e suprirá as demandas discentes;


Voto em FaE Dialógica e Inclusiva!

Por todas as razões e emoções acima expostas, o grupo de estudantes declara: Votamos em Antônio Mauricio e Vânia para nos representarem nos próximos quatro anos!

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

12 de outubro: Dia Nacional da Leitua


Leitura de Literatura: ser o que se é...

Cristina Maria Rosa

 

 

A literatura é uma arte.

Para quem escreve e para quem frui.

A literatura é um fenômeno da criatividade, para Nelly Novaes Coelho (1991).

É um direito ainda não escrito, para Bartolomeu Campos de Queirós.

É a Literatura que nos torna humanos e só a ficção nos salva, disse Tzvetan Todorov (2013) em entrevista a Bruno Garcia (2013).

A literatura integra a cultura escrita, uma de nossas maiores conquistas antropológicas, escreveu ROSA (2017).

A literatura é uma experiência estética, cujo resultado seu criador quer fazer único e inconfundível, com marcas que ele gostaria que fossem percebidas pelo leitor como pegadas no caminho da leitura, de acordo com Maria Antonieta Antunes Cunha (2014).

A literatura pressupõe assumir que a linguagem é uma “faculdade cognitiva exclusiva da espécie humana que permite a cada indivíduo representar e expressar simbolicamente sua experiência de vida” (BAGNO, 2014, p. 192).

A literatura é uma das formas de produzir sentido e pode ser conceituada como “um fenômeno social, uma forma de ação e de interação social”. Assim, “produzir um texto significa dizer algo a alguém, por algum motivo, de algum modo, em determinada situação” (FIAD & VAL, 2014, p. 264).

A literatura exige um “leitor proficiente”, aquele que não só “decodifica as palavras que compõem o texto escrito”, mas, também, “constrói sentidos de acordo com as condições de funcionamento do gênero em foco”. Para tal, mobiliza “um conjunto de saberes sobre a língua”, representado por “outros textos, o gênero textual, o assunto focalizado, o autor do texto, o suporte e os modos de leitura”, de acordo com Da Mata (2014, p. 165).

A literatura e sua fruição demandam um experiente da espécie que, ao exercer o ofício de mediador, “crie as condições para fazer com que seja possível que um livro e um leitor se encontrem”, em “rituais, momentos e atmosferas propícias” (REYES, 2014, p.213).

A leitura de literatura oportuniza o contato com o texto literário que, apesar do tempo e do mediador, mantém-se inalterado, com o léxico, a estrutura textual e as escolhas poéticas, filosóficas, éticas – todas – do autor. Neste caso, é preservada a experiência estética com o texto produzido, única para cada sujeito leitor ou ouvinte, para Cristina Maria Rosa (2017)

A literatura é uma experiência estética literária como a soma da percepção/apreensão inicial de uma criação literária e das muitas reações (emocionais, intelectuais ou outras) que esta suscita (...) para Maria Antonieta Antunes Cunha (2014).

A leitura de literatura é um “modo muito singular de construir sentidos”. Oportuniza uma “intensidade” de interação com “a palavra que é só palavra” e uma experiência “libertária de ser e viver”, de acordo com Rildo Cosson (2014, p. 185).

A escrita literária tem três características fundamentais: “ela é coisa na/da linguagem, aquilo que na/da linguagem não é discurso, mas silêncio”, a escrita ou a leitura de um texto literário “é uma actividade que rompe (no sentido violento) o laço social” e, esta ruptura “tem um alcance e um valor sexuais”, de acordo com Cristina Álvares (2004, p. 1).

A leitura de literatura é uma  experiência rigorosamente pessoal para o leitor quanto a criação é para seu autor Maria Antonieta Antunes Cunha (2014).

 “Prática cultural de natureza artística”, para Paulino (2014, p. 177), a leitura do texto literário se diferencia por oportunizar contato com “outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos, emoções”.

Nas palavras de Todorov (2013): “A importância da Literatura não é o método ou teoria coma qual a estudamos, mas é a própria Literatura. Porque ela fala de nós mesmos, da condição humana, da nossa sociedade. Ela nos permite compreender melhor o mundo. Quando lemos um livro, está lá o que é mais importante”. 

Ler...

Ler é diferente de contar.

Não é mais, nem menos. É diferente. Na escola, a criança – aprendiz da espécie humana que através da fala e pela escrita aprende a organizar o pensamento – acessa, com a audição de histórias lidas, contatos e aprimoramentos das relações com a cultura escrita, uma de nossas maiores conquistas antropológicas. Ler para os pequenos desde tenra infância, então, é inseri-los no que de melhor produzimos como “sapiens”: a escrita autoral ou, um modo particular de ver/sentir/narrar o mundo e, um bom mediador, dá nome a quem de direito: ao autor, a autoria; ao mediador, os sentimentos todos que encontrou ali e quer perpetuar, divulgar, evidenciar.

 No texto Experiência e Pobreza, o filósofo Walter Benjamin (1933), disserta sobre a perda da capacidade de contar histórias – e de, com elas, dar ensinamentos morais através do intercâmbio de experiências –, ocasionada pela dissolução dos vínculos familiares e pelo empobrecimento de experiências comunicáveis da população.

Para concluir...

Gustavo Bernardo elaborou o seu “conceito de literatura” e o publicou, com outros pesquisadores, na obra Introdução aos termos literários, organizada por José Luis JOBIM e publicada pela Editora 34 em 2002. Leia:

 

"A ficção, a literatura, fazem mais do que ampliar as nossas perspectivas, ao mapearem a realidade, anunciando territórios inexplorados e desconhecidos; a ficção e a literatura nos permitem viver o que de outro modo talvez não fosse possível, ou seja, nos permitem ser outros (os personagens) e adquirir, ainda que momentaneamente, a perspectiva destes outros – para, adiante, termos uma chance de cumprir o primado categórico de todas as éticas, de tão difícil realização: ser o que se é".

 

Nota: A entrevista de Todorov pode ser encontrada em: http://www.academia.edu/8584274/Entrevista_com_Tzvetan_Todorov


TPP: Leituras complementares

 


Peninha conta em dicionário a história da Independência do Brasil

Cristina Maria Rosa

 

Ouviram o quê do Ipiranga? O novo livro de Eduardo Bueno, Dicionário da Independência – 200 anos em 200 verbetes, conta de maneira direta e descontraída os acontecimentos em torno do processo de separação entre Brasil e Portugal[1].

O lançamento do volume está previsto para o dia 15 de setembro, mas já é possível comprá-lo em pré-venda até o dia 14 pelo site da Editora Piu.   Originalmente, o projeto do jornalista era realizar um dicionário com verbetes sobre o descobrimento do Brasil. Porém, em 2018, foi anunciado o Prêmio de Incentivo à Publicação Literária - 200 Anos de Independência, promovido pelo então Ministério da Cultura (hoje uma secretaria). Peninha, como Bueno é conhecido, decidiu adaptar o formato para verbetes abordando a Independência do país – episódio que completa 200 anos em 2022 – e foi contemplado pelo edital. 

Como a Editora Piu — cuja proprietária é a sua esposa, Paula Taitelbaum, responsável pelas ilustrações do dicionário – tem como base o público infantojuvenil, o projeto se direcionou para essa faixa etária. Porém, o jornalista destaca que o público do livro pode ser mais amplo:

LEIA MAIS

– Sempre quis fazer um livro para crianças de 8 a 88 anos. Embora seja um livro infantojuvenil, pega outro público também.

Peninha virou um fenômeno editorial com seus livros sobre a história do Brasil – em especial, sobre o período colonial. Em 2017, lançou no  YouTube o canal Buenas Ideias, em que apresenta fatos históricos "através de um ponto de vista divertido, que marca a genialidade e humildade do autor", como diz na descrição. Ele também levaria a história do Brasil para os palcos com o espetáculo stand-up Não Vai Cair no Enem – Uma Peça

Natural de Porto Alegre, Peninha passou uma parte da infância em São Paulo. Ele lembra de visitar o riacho do Ipiranga (às margens do qual Dom Pedro I proclamou a Independência, em 7 de setembro de 1822) e o Museu do Ipiranga em passeios escolares. Foi nessa época que uma curiosidade se instaurou nele. 

– Entrei numa trip não só de gostar de história, mas de vincular a história ao lugar onde ela se passa. Já pequeno, eu ficava pensando por que o riacho era tão podre. Eu me perguntava se já era assim na época da Independência (risos) – recorda.

Continuidade ou morte

Em Dicionário da Independência, Peninha traz informações e curiosidades em tom bem-humorado a respeito do Grito do Ipiranga. Entre os verbetes que vão de "Abdicação" até "Zodíaco", passando por alguns inusitados como "Diarreia" e "Demonão", ele apresenta personagens e fatos em textos curtos e didáticos sobre o antes e o depois da Independência.

– É uma forma divertida de tu contar a história. Pode se abordar desse jeito Peninha e debochar, mas, cara, é uma proposta de reflexão – ressalta o autor.

O dicionário joga luz na participação feminina na Independência: "D. Leopoldina assinou o decreto de Independência. Maria Quitéria lutou vestida de homem. Madre Joana Angélica morreu defendendo seu convento dos portugueses. E Maria Felipa teria liderado um grupo de marisqueiras que lutou em Itaparica", descreve o verbete "Mulheres".

– Um dos objetivos do livro era deixar claro o quanto as mulheres tiveram uma participação decisiva nessa história – destaca Bueno.

Segundo o jornalista, o propósito principal do dicionário vai ao encontro de algo que ele costuma repetir: a Independência foi mais uma das ocasiões em que o Brasil mudou para continuar igual.  

No livro, ele aponta que país ficou independente, mas não só se manteve uma monarquia (ao contrário dos países vizinhos,  ex-colônias espanholas que optaram pela república), como também permaneceu sob o comando de um soberano português. Além disso, o país independente preferiu não abolir a escravidão. 

– A Independência do Brasil foi mais uma vez uma articulação da bancada ruralista (risos).  Foi uma articulação de grandes proprietários, de grandes latifundiários, para que se mantivesse a escravidão. Dom Pedro I nunca mexeu uma palha para acabar com a escravidão – pontua.

E o papel do povo na Independência do Brasil?

– Olha, nenhum. Foi uma articulação de elite. Quando houve batalhas contra os portugueses após o Grito do Ipiranga, o povo teve uma participação heroica, com sangue. Mas esse povo que lutou não recebeu nada.  A ordem social se manteve intacta: exclusivista e estratificada. 

No verbete "Independência", Peninha conclui: "Como quer que seja, uma coisa é certa: só é realmente livre o povo que conhece – e por isso constrói – a própria história".