quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Contos infantis de João Simões Lopes Neto




Contos infantis de JSLN abrem segundo semestre do GELL no Museu do Doce
Alessandra, Cláudia, Érica e Rose aceitaram representar o GELL amanhã, dia 17/08 para a leitura de contos infantis de Lopes Neto contido na Cartilha Artinha de Leitura. O compromisso foi assumido pelo grupo há mais de dois  meses, e abre os trabalhos do GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária da Faculdade de Educação da UFPel.
Para a coordenadora, professora Cristina Rosa, o desejo é por entregar à cidade e aos convidados – crianças de uma escola municipal – uma parte da cultura que acessamos lendo JSLN. O GELL agradece à Secretaria Municipal de Cultura e Desporto, representada pela professora Helenira Brasil, pelo convite e oportunidade.

Programa
1º momento: A Pedagoga Érica Machado Leopoldo vai apresentar o livro "Artinha de Leitura", para as crianças, indicando quando foi escrito e com que objetivo;
2º Momento: O trio de leitoras – Alessandra, Cláudia e Roselaine – vai mostrar a elas como se escrevia há 110 anos atrás. Uma iguaria literária que poucos conhecem!
3º Momento: o Grupo vai dialogar com as crianças sobre suas impressões dos contos de JSLN.


Artinha de Leitura
Na IV Parte do Livro “Artinha de Leitura” de JSLN, às páginas 50-60 há a escrita de quatro contos morais. Dois deles abordam a teimosia e a curiosidade e os outros dois, pecados capitais (a gula e a preguiça). Em toda a cartilha composta por 83 páginas, essas dez são as únicas que trazem narrativas.
Ilustradas com figurinhas que apresentam cenas com início, meio e fim, não há nenhuma inscrição original ou do autor sobre elas. Os textos que as acompanham– pequenas historietas criadas por JSLN – aparentemente foram escritos a partir da colagem das figuras em um caderno, base material de seu livro, e não há indicação de onde foram retiradas.
A primeira das historietas é sobre a teimosia e o personagem central é um menino – Juca – que é “levado da carépa”. Para quem não sabe, carepa é uma espécie de caspa, ranhuras da madeira, pó sobre frutas secas ou mesmo penugem de alguns frutos (Houaiss, 2004). Mantida com a grafia encontrada no original, podemos perceber o uso da linguagem de um século atrás. A seguir, a primeira delas:

Um teimozo
JSLN, Artinha de Leitura, 1907, p.53-54.

Esse Juca é levado da carepa!
Debalde sempre se lhe recomendava:
- Não brinque com fósforos!
- Não metas cacos de vidro no bolso!
- Não ponhas botões na boca!
Qual! Era o mesmo que nada: lá aparecia ele com cara chamuscada por cauza dos fósforos, com um dedo cortado pingando sangue, engasgado com um caroço ou um botão e até um dia o teimozo quazi que enguliu um alfinete. Agora o Juca teimou em fazer equilíbrio sobre uma cadeira de embalo.
Sobre uma cadeira de embalo! Sim, senhor. Vêja!
Como tive necessidade de sair de casa não sei o que teria acontecido, pois de volta, achei-o na cama, muito pálido, e chorando, das dores que sentia.
-Oh! rapaz, o que é isso? Choramingar não é responder?
Diga-me você o que foi que sucedeu ao teimoso Juca.
Desta vez tomará juízo?
Pode ser, pode ser!


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