terça-feira, 25 de junho de 2019

17ª semana Nacional de Museus: Sala de Leitura presente!

Sala de Leitura Érico Veríssimo e suas Micropolíticas de formação do Leitor Literário.

        A sala de 
Leitura Érico Veríssimo apresentou-se em evento ocorrido no museu do Doce em 2019. Foi a 17ª semana Nacional de Museus, organizada pela PREC UFPel, Rede de Museus da UFPel e o IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus.   Orientado pela docente da Fae/UFPel, Drª. CRISTINA MARIA ROSA, o trabalho, intitulado Sala de Leitura Erico Verissimo e suas Micropolíticas de formação do Leitor Literário foi escrito por IEDA MARIA KURTZ DE AZEVEDO e CINARA TONELLO POSTRINGER. 
Leia o trabalho na íntegra:


Sala de Leitura Érico Veríssimo
e suas Micropolíticas de formação do Leitor Literário.

Cinara Tonello Postringer
Drª. Cristina Maria Rosa
Ieda Maria Kurtz de Azevedo

Resumo: No trabalho apresentamos, após anos de trabalho, a conquista da Sala de Leitura Érico Veríssimo. Nomeada em homenagem a nosso maior escritor, localizada geograficamente no andar principal do Museu do Doce no centro Histórico da cidade de Pelotas. É uma estrutura acadêmica que integra ensino, pesquisa e extensão e tem como centralidade a proposição de micropolíticas de formação do leitor literário, bem como a qualificação, no âmbito da Leitura Literária, dos estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia. O objetivo do trabalho é apresentar as micropolíticas desenvolvidas no espaço e eventos desencadeados a partir da necessidade e importância de construir uma prática capaz de questionar o mundo propondo outras direções de vida e de convivência cultural. Assim, elencamos os eventos que tem como norte a formação do leitor literário e as práticas de mediação literária. Como referencial teórico nos cercamos de textos ofertados por Graça Paulino (2014), Yolanda Reyes (2014) e Cristina Maria Rosa (2015) unânimes em considerar que a leitura literária é porta de entrada para a formação do leitor desde a tenra idade. 
Palavras-chave: Leitura Literária; Mediação Literária; Sala de Leitura.

Introdução
No trabalho apresentamos as práticas de Leitura Literária desenvolvidas na sala de Leitura Érico Veríssimo, uma estrutura acadêmica vinculada ao GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária da Faculdade de Educação da UFPel – apoiada pelo PET Educação e coordenada pela Drª. Cristina Maria Rosa e o impacto das micropolíticas de leitura literária desencadeadas. Criada para ofertar uma formação diferenciada aos alunos da licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (FaE/UFPel), a sala também é frequentada por estudantes vinculados a diferentes graduações da UFPel.
Integrada ao Casarão 8, Museu do Doce, no centro histórico de Pelotas, acomodada em um espaço de aproximadamente   30m²,  a sala é ambientada com decorações e adereços que remetem os frequentadores ao mundo da imaginação. Nela são desenvolvidas práticas de apresentação da Leitura Literária a crianças, preferencialmente de escolas públicas.  Dentre o público que frequenta a sala também estão pais com seus filhos, idosos e turistas, sendo aberta a toda a sociedade. O foco da Sala de leitura Érico Veríssimo é promover o encontro da Literatura com todos os públicos tornando-se, dessa forma, mediadora entre os livros e a literatura.
A formação do mediador literário é estruturador e primordial no exercício cotidiano da docência nos anos iniciais da escolaridade. A argumentação parte do princípio de que crianças que chegam à escola pública precisam ser apresentadas à linguagem literária, alfabetizadas literariamente (ROSA, 2015). É necessário alfabetizar, propiciar acesso aos livros e dialogar com os leitores em formação sobre suas leituras e sentidos atribuídos a elas. A leitura para fruição, compreendida como aquela voltada para o prazer, no sentido atribuído ao referir-se à formação do leitor, Zilberman (2003, p. 30) diz que a legitimidade do uso da literatura na sala de aula vem tanto “da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante a sua circunstância” quanto “do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante”. Outra das ideias compartilhadas é que a oportunidade de entrar em contato com impressos que a escola e a sociedade valorizam deve acontecer através do professor. Assim, a alfabetização literária requer a atitude de um mediador – uma pessoa que "estende pontes entre os livros e os leitores" (REYES, 2014).
Para Paulino (2014, p. 177) há, quando da leitura, um “pacto entre leitor e texto” que “inclui, necessariamente, a dimensão imaginária, em que se destaca a linguagem como foco de atenção, pois através dela se inventam outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos, emoções”. Para ela a leitura literária é “uma prática cultural de natureza artística” em que o gosto e o prazer acompanham seu desenvolvimento e são “vivenciados como mais importantes”, embora outros objetivos possam existir. A pesquisadora argumenta que a leitura literária constitui “uma prática capaz de questionar o mundo já organizado, propondo outras direções de vida e de convivência cultural”. Ao selecionar “livros que fascinam”, os mediadores transformam pessoas em leitores. Leitores de imagens, leitores de textos, leitores de sentidos, leitores de vidas.
Para ofertar a leitura a sujeitos que ainda não detém a interação com os livros e a literatura, é preciso preparar-se anteriormente: utilizar critérios de escolha, conhecer as obras adequadas ao público ouvinte, selecionar um grupo de textos que capturem a atenção e oportunizem o prazer e o gostar de ouvir. Para Rosa (2017, s/nº): “Uma obra literária não tem a tarefa de informar, embora possa fazer isso; não tem como compromisso educar, apesar de poder. A pesquisadora afirma ainda que, a obra literária tem compromisso com a imaginação, a emoção, a estética”. (ROSA, 2017).
No Manifesto por um Brasil Literário, elaborado em 2009, para lançamento do Movimento por um Brasil Literário, Bartolomeu Campos de Queirós afirma que “a leitura literária é um direito de todos”, considerando que a maioria das famílias pertencentes às camadas populares não dispõe de acesso à leitura e literatura ou outros impressos gráficos em seu cotidiano, cabe à escola, principalmente ao professor, o papel de promover esse acesso. Para QUEIRÓS (2009), na literatura “o sujeito viaja por outro mundo possível”, cria, inventa, imagina, “rompe com o limite do provável” estabelecendo um diálogo “entre o real e o idealizado”.
Letramento literário é um conjunto de práticas que envolvem o escritor e leitor na construção de conhecimento, aprendizagens e novas interpretações e construção de novos caminhos. Para Cosson (2009), o processo de letramento literário deve envolver aspectos que conciliem os diversos textos literários circundantes nas esferas sociais, e ainda que:
[...] devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura, como bem nos alerta Magda Soares, mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de humanização. (COSSON, 2009, p. 23). https://sites.google.com/site/estudosdeletramento/letramento-literario
Ele é diferente de outros tipos de letramento, a literatura ocupa um lugar único em relação à linguagem. É capaz de tornar o mundo compreensível e  transformador em sua materialidade nas palavras de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas. Essa concepção está de acordo com a noção de letramento literário de Magda Soares (apud GONÇALVES, Sarah, 2017). Quando ela explica sobre os caminhos do processo de alfabetização e práticas sociais de leitura e ainda, sobre as facetas da aprendizagem, destacando: a faceta da leitura fluente: Soares salienta, ainda, que a  literatura direciona às práticas de leitura que ocorrem no contexto social, às atitudes e aos valores que correspondem ao tipo de leitor que está em formação.
Segundo Sylvia Pellegrinno “a literatura é muito importante para o ser humano se conhecer melhor, é uma forma através da linguagem em adquirir experiências de vida, é muito importante também para enriquecer a nossa cultura”, segue a autora  expondo a importância de conhecer novos pontos de vista, épocas distintas, das nossas, e até figuras diferentes e pouco conhecidas”. Para Sylvia a leitura nos ajuda a conhecer o mundo e suas diversas impressões “nos possibilitando a um novo conhecimento sobre nós mesmos”.
A literatura possibilita ao leitor, em um dado momento, se identificar com o personagem, com suas emoções e angústias. Permite, em muitos casos, se descobrir como escritor, não importando o gênero, a literatura contribui para o enriquecimento do   vocabulário e do senso crítico do leitor, possibilita expansão de horizontes, num mundo de ideias e ideais.
A proposição da Sala de Leitura Érico Veríssimo surgiu, de acordo com a Coordenadora, com o intuito de abrigar e disponibilizar acervos aos estudantes da Licenciatura de Pedagogia. Adquiridos com recursos públicos e doações, a sala abriga atualmente, seis acervos: obras literárias infanto-juvenis, obras literárias universais, livros sobre literatura e seu ensino, obras literárias para crianças, uma Gibiteca e uma coleção de 30 banners com a história do GELL, da Sala de Leitura e suas políticas.
Desde sua inauguração, em outubro de 2017, houve a oferta de diferentes micropolíticas, dentre elas estão: Inauguração da Sala no Museu do Doce e Abertura da sala aos usuários; Aprovação da Sala de Leitura pelo COCEPE/ UFPEL. Publicação da Agenda do “Outubro Literário”no Museu do Doce; Três apresentações do Espetáculo “No Manantial” e “Melancia Coco Verde”, de João Simões Lopes Neto (JSLN); “ Novembro Literário no Museu do Doce”.  Publicação da Agenda do “Novembro Literário; Leitura teatralizada “Como as histórias se espalham pelo mundo. Lançamento do livro digital “Contos de Infância; “ Novembro na Feira do livro.” GELL e a Educação no Campo.” Contos Infantis de João Simões Lopes Neto”. Conferência “Maus tratos emocionais.” Ensaio para o Espetáculo de Natal na Reitoria; Abertura da disciplina “Contos e Poemas” para adultos da Universidade Aberta à Terceira Idade - UNATI; Publicação da agenda de eventos para 18 de Abril; Publicação da Agenda do “Abril Literário”; Lançamento do Curso de Aperfeiçoamento “Somos Loucos por livros”; Homenagem ao “Dia internacional do Livro”; Em 02/06/2018, lançamento de pesquisa “Meu livro na adolescência”; Em 12/06/2018, lançamento da Pesquisa “Amor aos quatro ventos”; Publicação da agenda de Junho da Sala “Inverno em boa companhia”; Visita à Biblioteca Pública Pelotense; Publicação do resultado de pesquisa “Livro da adolescência”; Publicação dos resultados da pesquisa “Amor aos quatro ventos”; Ensaio público de Pandolfo Bereba para o XII Congresso Nacional de Educação em Valores Humanos; Leitura para crianças no Casarão 8; Ensaio do GEEL para Leituras na Fenadoce; Realização de Leituras Literárias para escolas; Realização do Sarau de Contos e Poemas da Universidade Aberta à Terceira  Idade; Ensaio e Leitura dos Contos Morais de JSLN a convite da SMC para o dia do Patrimônio da Cidade; Leitura Contos Morais de JSLN para estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Oziel Alves Pereira, de Canguçu; Abertura do programa “Literatura: Contos e Poemas em Língua Portuguesa II”, para a UNATI/UFPel, em 14/09/2018.
Entre os resultados, observamos que a sala foi noticiada na página da UFPel e, posteriormente, replicada em blogs e páginas online, o que conferiu visibilidade e credibilidade à proposição.
Para descrever com mais acuidade uma das proposições, escolhemos como foco o Novembro Literário, com participação do grupo GELL, Sala de Leitura, com apoio do Pet Educação prepararam uma agenda repleta de leituras e interações com crianças, escolas, autores e públicos. A feira do livro ocorre na Praça Coronel Pedro Osório todos os anos, no mês de Novembro a programação foi pensada para inserir a todos no mundo dos livros e seus ritos: ouvir, ler, sonhar, folhear, dialogar, pensar, usufruir, ou seja, deleitar-se com tramas personagens, desfechos, e incógnitas que só a boa literatura oferece.
Para aprimorar saberes, além de ler parte das obras dos autores clássicos, estudamos critérios para a escolha de obras a serem apresentadas aos pequenos na escola, o conceito de Letramento Literário e modos de realizar a Leitura Literária. Mas mais do que isso, inventamos.  Através de produções escritas, criamos uma receita para um dos personagens que admiramos. É disso que se constitui esse livreto. (ROSA, 2016).
Observando a quantidade, variedade e qualidade das micropolíticas propostas pela sala de leitura a usuários percebemos que ela realmente é uma estrutura acadêmica que integra ensino, pesquisa e extensão. Diante da centralidade das proposições, concluímos que seu foco, conforme anunciado em documentos, banners, na mídia e nas palavras da coordenadora, é a formação do leitor literário, especialmente pelo público que agrega, acervos que disponibiliza e práticas de leitura que promove.
Ao conhecer com mais expressividade uma das políticas desenvolvidas e tendo como documento-prova o livro digital produzido pelos participantes, pude concluir que a proposição de formar leitores literários foi o maior objetivo alcançado. Quanto ao produto livro digital pude compreender que é um formato que agrega pessoas em torno de uma ideia, produz um resultado imediato que pode ser partilhado, uma vez que está disponível online, e registra um momento. 


REFERÊNCIAS

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2009.

GONÇALVES, Sarah Suzane Bertolli. Letramento Literário e o Leitor em formação. Disponível em: <https://educacional.cpb.com.br/conteudos/universo-educacao/letramento-literario-e-o- leitor-em-formacao/> Acesso em 26 de abril de 2019.

PELLEGRINO, Sylvia. Porque a literatura é importante para o ser humano. Disponível em: <https://sylviapellegrino.wordpress.com/artigos-2/por-que-a-literatura-e-importante-para-o-ser-humano/>. Acesso em 27 de Abril de 2019.

QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Manifesto por um Brasil Literário. Página Oficial. Disponível em: http://www.brasilliterario.org.br/

PAULINO, Graça. Leitura Literária. In: Glossário CEALE: termos de alfabetização, leitura e escrita para educadores. Belo Horizonte: UFMG/Faculdade de Educação, 2014.


ROSA, Cristina. Alfabetização Literária. Pelotas: Blog Alfabeto à Parte. Pelotas, 2015. Disponível em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com.br/2015/06/alfabetizacao-literaria-o-que-e.html

ROSA, Cristina (org.). Receitas Inventadas: dos clássicos ao mercado público. Blog Alfabeto à Parte. Pelotas, 2016. Disponível em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com.br/2016/03/receitas-inventadas-dos-classicos-ao.html

ROSA, Cristina. Alfabetização Literária. Pelotas: Blog Alfabeto à Parte. Pelotas, 2015. Disponível em: <http://crisalfabetoaparte.blogspot.com/2015/06/alfabetizacao-literaria-o-que-e.html>. Acessado em 28 de Abril de 2019.
ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 2003. http://revistaemilia.com.br/leitura-direito-da-cidadania-para-todos/

terça-feira, 4 de junho de 2019

Os melhores infantis de 2018: uma lista feita por especialistas


Como escolher bem o que ler para os pequenos
Cristina Maria Rosa

A sala de leitura Erico Verissimo busca saber indicar o que ler. Esse é um de seus objetivos. Assim, um dos investimentos é o desenvolvimento da temática “Critérios de escolha do que ler”, em aulas ou curso de curta duração e mesmo em formações de professores. Em 2019, as ações da sala são:
1.                          Aulas na Livraria. Ocorridas em abril e maio de 2019 na disciplina “Teoria e Prática Pedagógica I”, ofertada à Licenciatura em Pedagogia da FaE/UFPel), na Disciplina  “Literatura Infantil, Artes Visuais e Música”, ofertada à estudantes de Especialização em Educação (FaE, 2019-2020) e na Disciplina “Literatura: Contos Clássicos e 100 melhores Brasileiros”, ofertada ao público 60 + da Universidade Aberta a Pessoas Iidosas da UFPel;
2.                          Formação de Professores: Ocorrem em escolas, a convite da direção. Em 2019, estamos em contato com duas escolas: a Escola Luíz Augusto de Assumpção no Balneário dos Prazeres, em Pelotas, RS, onde a formação já ocorreu e na qual desenvolveremos um programa de leitura literária para as crianças e na Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Lourdes, no Fragata, onde iniciamos, a convite da Coordenadora Pedagógica, um projeto a apoiá-la na transformação de sua escola em uma "Escola Leitora". Lá existe biblioteca, livros, sala de leitura, professoras leitoras, crianças que gostam de ler e uma coordenadora que ama ler. E uma diretora que apoia. O foco da formação vai ser a torca, entre universitários e professores, de seus processos de formação. Perguntas como: Por que gostamos de ler? Como nos formamos leitores? Quais os livros que mais admiramos? Estão no ápice desse projeto.
3.                          Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Bibliotecários: uma parceria entre o CETEP/SMED/Pelotas e a Faculdade de Educação da UFPel (através da Sala de Leitura Erico Verissimo e PET Educação). O foco é a formação e qualificação dos professores que são responsáveis pelas bibliotecas escolares no Município, tanto na zona urbana como rural. A abertura do evento, ocorrida em 11 de abril de 2019, às 9 horas na Bibliotheca Pública Pelotense teve a participação de 86 professoras e contou com a presença das coordenadoras, Bibliotecária Simone Echebeste, Professora Cristina Maria Rosa (FaE/UFPel e Pedagoga Estela Sampaio (CETEP/SMED).

Em todas essas ações, consideramos sugestões de bons livros a partir de nossos critérios e de leitores fluentes ou autores renomados. Recentemente, recebi mais uma lista, organizada pela revista Crescer e publicada[1] em 23 de julho de 2018. Compartilho contigo parte da matéria e os títulos indicados, bem como a equipe que os selecionou:
Os 30 melhores livros infantis do ano 2018
Por Aryane Cararo
Como se faz uma boa escolha? Diante de tantos lançamentos, fica difícil saber qual livro oferecer para as crianças. Às vezes, nos deixamos levar pela necessidade, outras pelo que nos toca o coração. E, claro, não conseguimos fugir da influência do mundo ao nosso redor. Guiados por critérios de criatividade, inovação e qualidade de texto, de ilustração e de projeto gráfico, 38 jurados fizeram suas escolhas para a lista dos 30 Melhores Livros Infantis do Ano, realizada pela CRESCER há 13 anos. Os títulos aqui selecionados são aqueles que mais vezes foram citados e mais bem pontuados, de um universo de 195 obras mencionadas.
É interessante observar como as lutas contemporâneas e as questões existenciais vieram fortes nesta edição. Assuntos relacionados a gênero e diversidade afloraram em títulos que ora liberam meninos e meninas da divisão por sexo no vestuário, ora não entendem qual é a cor de um “lápis cor de pele”. Sinais dos novos tempos...
Tempo, esse substantivo que dita vida e morte, chegadas e despedidas, uma espera às vezes ansiosa, outras vagarosa, também ditou a essência para algumas das histórias desta seleção. Histórias que puxam outras, transformando a leitura em uma busca divertida pelas referências implícitas, como você notará em diversos livros. Um, em especial, que empossa o pequeno leitor de seus direitos – entre eles, a garantia sagrada de fazer de conta. E imaginação é o que não falta aqui, em obras com questões tão instigantes que a pergunta que abre este texto até merecia estar em uma delas. Esperamos que, após a leitura das próximas páginas, você consiga fazer sua boa escolha.

Os títulos mais interessantes lançados em 2017.
1.       A quatro mãos. Texto e ilustrações de Marilda Castanha, Editora Companhia das Letrinhas;
2.       O passeio. Texto de Pablo Lugones e ilustrações de Alexandre Rampazo, Editora Gato Leitor;
3.       Lina e o balão. Texto e ilustrações de Komako Sakai, Editora Pequena Zahar;
4.       O sol se põe na Tinturaria Yamada. Texto de Claudio Fragata e ilustrações de Raquel Matsushita, Editora Pulo do Gato;
5.       O caminhão. Texto e ilustrações de Lúcia Hiratsuka, Cortez Editora;
6.       A mulher que matou os peixes. Texto de Clarice Lispector e ilustrações de Mariana Valente, Editora Rocco Pequenos Leitores;
7.       A ilha do vovô. Texto e ilustrações Benji Davies, Editora Salamandra;
8.       Com quantos pingos se faz uma chuva? Texto de Maria Amália Camargo e ilustrações de Ionit Zilberman, Ôzé Editora;
9.       O mundo seria mais legal. Textos e ilustrações de Marcelo Tolentino, Editora Companhia das Letrinhas;
10.   O sótão. Texto de Hiawyn Oram e ilustrações de Satoshi Kitamura, Editora Pequena Zahar;
11.   Andar por aí .Texto de Isabel Minhós Martins e ilustrações de Madalena Matoso, Editora 34;
12.   Polvo pólvora. Ilustrações de Laurent Cardon, Editora Biruta;
13.   Duas casas. Texto de Roseana Murray e ilustrações de Elvira Vigna, Abacatte Editorial;
14.   A volta dos gizes de cera. Texto de Drew Daywalt e ilustrações de Oliver Jeffers, Editora Salamandra,
15.   De flor em flor História de JonArno Lawson e ilustrações de Sydney Smith, Editora Companhia das Letrinhas;
16.   Com que roupa irei para a festa do rei? Texto de Tino Freitas e ilustrações de Ionit Zilberman, Editora do Brasil;
17.   O dia da festa. Texto e ilustrações de Renato Moriconi, Editora Pequena Zahar;
18.   Rosa. Texto e ilustrações de Odilon Moraes, Edições Olho de Vidro;
19.   Histórias de Willy. Texto e ilustrações de Anthony Browne, Editora Pequena Zahar;
20.   Direitos do pequeno leitor. Texto de Patricia Auerbach e ilustrações de Odilon Moraes, Editora Companhia das Letrinhas;
21.   Use a imaginação. Texto e ilustrações de Nicola O’Byrne, Editora Brinque-Book;
22.   Muito cansado e bem acordado. Texto e ilustrações de Susanne Strasser, Editora Companhia das Letrinhas;
23.   Deu zebra no ABC. Texto e ilustrações de Fernando Vilela, Editora Pulo do Gato;
24.   Adelaide, a canguru voadora. Texto e ilustrações de Tomi Ungerer, Aletria Editora;
25.   A casa do Cuco. Texto e ilustrações de Alexandre Camanho, Editora Pulo do Gato;
26.   Assopre, ponha o curativo e sarou! Texto de Bernd Penners e ilustrações de Henning Löhlein, Editora Brinque-Book
27.   Pode pegar. Texto e ilustrações de Janaina Tokitaka, Editora Boitatá;
28.   Super. Texto e ilustrações de Jean-Claude Alphen, Editora Pulo do Gato;
29.   A cor de Coraline. Texto e ilustrações de Alexandre Rampazo, Editora Rocco Pequenos Leitores;
30.   O caminho de Marwan. Texto de Patricia de Arias e ilustrações de Laura Borràs, Trioleca Casa Editorial.


As juradas e os jurados

Alice Áurea Penteado Martha é professora do Programa de pós-graduação em Letras da UEM (PR), coordenadora do Grupo de Pesquisa Centro de Estudos de Leitura, Literatura e Escrita (Celle/UEM), membro do Grupo de Pesquisa Leitura e Literatura na Escola e votante da FNLIJ.
Alice Bandini é arte-educadora e contadora de histórias. Atuou no setor de programação cultural da Coordenadoria do Sistema Municipal de Bibliotecas (SP).
Ana Crelia Dias é doutora em Literatura Brasileira pela UFRJ e coordenadora do curso de especialização em Literatura Infantil e Juvenil da mesma universidade.
Ana Paula da Costa Carvalho de Jesus é mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP, professora de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Fundamental II do Colégio São Domingos (SP) e assessora de literatura infantil para escolas e editoras.
Angela Müller de Toledo é bibliotecária escolar (SP), especialista em produção cultural para crianças e jovens, consultora na área de literatura infantojuvenil e formadora de mediadores de leitura.
Beatriz Cattani é bibliotecária formada pela USP. Atua em bibliotecas escolares há mais de 20 anos e atualmente trabalha no Colégio Rainha da Paz (SP).
Beto Silva é pedagogo e psicopedagogo, consultor e assessor de projetos nas áreas do livro, leitura, literatura, juventude e inovação educacional. Atuou em projetos nas áreas da educação, cultura, saúde e assistência social por 13 anos. Atualmente é membro do Instituto Clio, consultor do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável e mediador de leitura.
Camila Martins, Gislene Gambini e Glauco Lenzi são livreiros da Livraria Novesete (SP), especializada em títulos infantojuvenis.
Claudia Amorim é jornalista e sócia da livraria infantojuvenil Malasartes (RJ).
Cristiane Rogerio é jornalista e pesquisadora de cultura e infância, professora e coordenadora pedagógica da pós-graduação O Livro Para a Infância: Textos, Imagens e Materialidades d’A Casa Tombada/Faculdade de Conchas – Facon (SP).
Daniela Portella e Letícia Seles Xavier são da equipe infantil da Livraria da Vila, unidade Fradique (SP).
Denize Bianchi Silveira Carvalho e Priscila Silveira Carvalho são livreiras e proprietárias da Distribuidora Casa de Livros (SP).
Evie Milani é livreira do Espaço Cortez (SP).
Fernanda Passamai Perez é graduada em Letras, mestranda em Ciência da Informação e especialista em Literatura Infantojuvenil. Concebeu o clube de leitura Vilalê e atua como mediadora de leitura na biblioteca Tatiana Belinky, ambos na Escola da Vila (SP).
Glória Valladares Grangeiro é bibliotecária especialista em literatura infantojuvenil. É membro do Projeto de Alfabetização de Ribeirinhos da Amazônia e coordenadora do Projeto Leitura no Sítio (RO).
Inês De Biase Coordenou a elaboração do livro Bibliotecas Infantis – Um Programa Para Pequenos Leitores das Bibliotecas Parque do Estado do Rio de Janeiro e é coordenadora de Projetos de Leitura das bibliotecas da Escola Parque (RJ).
João Luís Ceccantini é professor de Literatura Brasileira da UNESP – FCL Assis.
Lourdes Atié é consultora pedagógica das redes pública e privada de ensino (SP) e coordenadora da comissão de Seleção do Prêmio Vivaleitura.
Lucélia Martins de Souza é geógrafa, agente do brincar, estudante de Educomunicação pela ECA-USP e atua como formadora e articuladora em ações educativas e culturais para a formação de leitores e mediadores.
Malu Custódio Souto é proprietária da Livraria Companhia Ilimitada (SP), especializada em literatura infantojuvenil.
Maria Angela Aranha é sócia da Livraria Casa de Livros (SP), especializada em literatura infantojuvenil.
Maria das Graças Monteiro Castro é professora da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da UFG, votante da FNLIJ e membro titular do Colegiado Setorial do Livro, Leitura e Literatura do Ministério da Cultura.
Maria de Remédios Ferreira Cardoso é diretora da Educação Infantil da Escola Móbile (SP).
Maria José Nóbrega é mestre em Filologia e Língua Portuguesa pela USP e consultora pedagógica de várias escolas e editoras de São Paulo.
Mario Hélio é jornalista, escritor, editor e professor, mestre em História e doutor em Antropologia (Universidade de Salamanca, Espanha). Foi o coordenador da programação literária da Fliporto de 2009 a 2015.
Paola Pio da Costa é professora do colégio Maristinha Pio XII (DF) e dá consultoria em escolas e em projetos de leitura e literatura.
Renata Junqueira de Souza é livre-docente em Literatura e Ensino, professora da Unesp e coordenadora do Centro de Estudos em Leitura e Literatura Infantil e Juvenil.
Rosa Maria Ferreira Lima é bibliotecária, especialista em leitura e formação de leitores, coordenadora estadual do Proler (MA) e votante da FNLIJ.
Rúbia Noguchi e Mariana Amargós são livreiras especialistas em literatura infanto-juvenil da Panapaná Livraria Infantil (SP).
Silvia Oberg é graduada em Letras (PUC-Campinas), doutora em Ciência da Informação e Educação (ECA-USP), especialista em literatura infantil e juvenil. Trabalhou na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato (SP) como pesquisadora em leitura e literatura. Atua em programas de formação de mediadores de leitura, presta consultoria a editoras, é crítica literária e curadora de prêmios de literatura infantil e juvenil.
Stela Maris Fazio Battaglia é historiadora com doutorado na área de Linguagem e Educação (USP). Coordena projetos de formação de mediadores de leitura com enfoque em literatura infantil e juvenil.
Volnei Canônica é especialista em literatura infantil e juvenil e diretor do Centro de Leitura Quindim.
Zenaide Denardi é contadora de histórias e atriz, e já trabalhou no departamento de marketing cultural da Livraria Cultura (SP).