Há 17 anos, a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil− FNLIJ promove, na cidade do Rio de Janeiro, o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, com foco na literatura para esse público. Nesse evento promovido anualmente o livro de literatura é o centro das atenções de crianças, jovens, pais, professores, escritores, ilustradores e especialistas. No Salão FNLIJ do Livro não há livros didáticos, de autoajuda, religiosos, de referência ou educativos. Além da literatura, estão presentes exclusivamente os livros informativos. Toda a programação do evento, que inclui lançamentos, encontros, seminários, performances dos ilustradores e exposições, ocorre em torno da leitura dos textos e da apreciação das ilustrações. Crianças e jovens que visitam o Salão da FNLIJ são presenteados com um livro de literatura. Na cultura escrita, a literatura, por ser expressão máxima da arte de pensar e escrever, é que nos possibilita conhecer e refletir sobre o mundo e as pessoas, de forma livre e, por isto, sua leitura favorece o desenvolvimento da crítica e da criação.
A FNLIJ, criada há
47 anos, é seção brasileira do International Board on Books for Young
People/IBBY. Tem como objetivo institucional contribuir para a formação de
leitores por meio da literatura. Há 41 anos, criou o Prêmio FNLIJ para eleger
os melhores livros para crianças e jovens publicados anualmente no país,
contemplando 18 categorias. É a instituição responsável pelas indicações
bienais ao Prêmio Hans Christian Andersen, do IBBY, dentre as quais 3 foram
vitoriosas, a saber: as escritoras Lygia Bojunga(1982), Ana Maria Machado (
2000) e o ilustrador Roger Mello ( 2014).
Há 30 anos, com o
projeto Ciranda de Livros (1982 a 1985), a FNLIJ foi pioneira em levar livros
de literatura para escolas públicas mais carentes do país plantando sementes de
bibliotecas. Em 1984, recebeu o reconhecimento da UNESCO com o Prêmio de
Alfabetização. Foi a Ciranda de Livros que inspirou o Ministério da Educação e
da Cultura/MEC a criar, em 1984, o Programa Sala de Leitura−PSL, a primeira
ação do governo federal voltada para a compra e distribuição de livros de
literatura para algumas escolas públicas. Em1997, o PSL passou a ser o Programa
Nacional Biblioteca da Escola /PNBE, levando a literatura a todas as escolas do
Ensino Fundamental do país. A partir de 2000, o PNBE se expandiu para o Ensino
Médio e hoje podemos afirmar que todas as crianças e jovens das escolas
públicas têm garantido o direito aos livros de literatura. Por sua vez, alguns
estados e municípios criaram seus próprios programas, ampliando a presença
desses livros nas escolas.
Com o PNBE e os
outros programas locais conquistamos um objetivo de valor inestimável para a
Educação brasileira: a garantia do acesso de crianças e jovens à cultura
escrita, por meio da literatura, com as melhores histórias do Brasil e do
mundo, um patrimônio universal que todos têm direito de conhecer, desde cedo,
como afirma a escritora e acadêmica Ana Maria Machado.
Considerando que, na perspectiva de uma formação
humanista, a leitura literária é o principal alicerce para a educação de nossas
crianças e jovens, a FNLIJ, a mais antiga instituição no país dedicada a esse
tema, faz um apelo ao Exmo. Ministro − que, como leitor, certamente conhece o
valor desse simples mas poderoso ato para viver com qualidade − que preserve de
possíveis cortes orçamentários a compra de livros de literatura para as escolas
públicas.
Ao agir de maneira
inversa ao que ocorre em momentos de crise, quando os cortes de verbas costumam
atingir primeiramente as ações relacionadas à cultura e às artes, não
interromper o programa anual de compra e distribuição de livros de literatura
para crianças e jovens das escolas públicas é uma demonstração de quão
importante o governo brasileiro considera garantir o direto democrático às
histórias que estão nos livros de literatura, principalmente para aqueles cujas
famílias não podem comprá-los para si.
Ler Literatura não
é uma atividade supérflua ou dispensável. Ler literatura é essencial à vida
humana.
A escola pública no Brasil é, para a maioria de
crianças, a porta de entrada para o contato com a cultura escrita, que deve ser
prazeroso, atraente e permanente como o é para aquelas crianças de famílias que
têm condições financeiras e culturais para proporcionar-lhes a magia que é
ouvir histórias dos livros.
Elizabeth D’Angelo Serra- Secretária Geral
Conselho Diretor:
Isis Valéria Gomes – Presidente
Marisa de Almeida Borba
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