terça-feira, 29 de agosto de 2017

Semana “Ler não entra em recesso!”

A Sala de Leitura Erico Verissimo (FaE/UFPel) estará desenvolvendo uma série de eventos nos dias de recesso entre o primeiro e o segundo semestre letivos da UFPel. Todos gratuitos, focam a formação do leitor literário e a formasção do professor na escola.
Apoiada pelo PET Educação, o GELL desenvolve micropolíticas de leitura, entre elas, cursos livres, saraus literários, pesquisas sobre o livro e a literatura e aulas em ambientes.
Acompanhe a agenda do GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária – e participe dos eventos.
Semana “Ler não entra em recesso”.
29/08 – Reunião preparatória para o curso de formação de professores a ser desenvolvido no sábado, dia 02. Foco: Apresentar autores e suas obras para os professores, demonstrar nosso encantamento com os livros e a leitura, afirmar a importância da leitura para crianças e indicar possibilidades de trabalho com autores, livros e gêneros diferenciados. Local: Mercado Central, 18 horas;
30/08 – Publicação no Blog da Sala de Leitura Erico Verissimo dos resultados da pesquisa “A professora, o aluno e os ovos” te representa?
A investigação informal e seus resultados integra a formação das estudantes de Pedagogia Pensando sobre a Profissão, desencadeada em 01 de agosto de 2017 pelo PET Educação.
Disponível em: http://crisalfabetoaparte.blogspot.com.br/2017/08/a-professora-o-aluno-e-os-ovos-te.html

31/06 – Leitura na Escola
Leitura da obra A Zeropéia, de Herbert de Souza, para as seis turmas de crianças entre quatro e cinco da EMEI Ruth Blank.
Local: Parqeu Dom Antonio Záatera, 221. Hora: manha, 9 horas; tarde: 15 horas.
Leitura de Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato para os quintos anos da Escola Fernando Treptow. Manhã, na Biblioteca da escola.

01/09 – Leitura Literária
Leitura de Contos de Horror para os 9º anos da Escola Fernando Treptow.
9 horas da manhã, na Biblioteca da escola.
Leitura de Ana Maria no Castelo Encantadso, de Erico Verissimo, para as crianças da E.E.E.F Padre Anchieta.
Local e hora: Av. Domingos de Almeida, 3150/Areal. 14 horas

02/09 - Curso de Formação de professores em leitura literáaria.
Escola Municipal de Ensino Fundamental Antonio Joaquim Dias. 
Local e data: Sábado, 9 às 11 horas nas dependências da escola.
Av. Cidade de Lisboa, 2640.

A sala de leitura e a formação do leitor literário
As micropolíticas de leitura literária desencadeadas pela Sala da Leitura buscam aproximar universitários dos livros e do gosto por ler, além de estabelecer contato profícuo com a escola e os futuros leitores.
Integrada à Pedagogia, a Sala de Leitura é um espaço de exercício qualificado dos saberes literários como saberes docentes (PAULINO, 2001) e pauta-se pelo argumento de que a formação do mediador literário é estruturador e primordial no exercício cotidiano da docência, nos anos iniciais da escolarização.
Pesquisas indicam que a totalidade das crianças que chegam à escola pública precisam ser alfabetizadas literariamente (ROSA, 2015), uma vez que parte considerável das famílias das quais são oriundas, leem pouco ou quase nada. Resultados de pesquisas recentes indicam que o acesso à leitura literária e o consequente conhecimento de obras, gêneros, ritos e benesses das práticas, ocorre primordialmente na escola e deve ser considerado como um dos saberes na formação de leitores. Sem essa “apresentação”, a leitura tem vida curta nos poucos anos de escolaridade a que são submetidos os filhos das classes populares e cabe ao docente – ao professor dos anos iniciais, especialmente do primeiro ao quinto – ser capaz de tornar o experimento com os primeiros livros e a variedade de gêneros, uma experiência na vida dos pequenos.
Ao propor e desenvolver micropolíticas de leitura, entre elas, visitas guiadas para conhecimento do acervo e do espaço, cursos livres, saraus literários, pesquisas sobre o livro e a literatura e aulas em ambientes, a sala tem se tornado um lócus desencadeador de relações múltiplas com o livro e a literatura, mas, também, com a formação de leitores e mediadores.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Ler literatura é essencial à vida humana: Carta em defesa do PNBE


Literatura nas escolas públicas: conquista da Educação que não deve ser interrompida.

Há 17 anos, a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil− FNLIJ promove, na cidade do Rio de Janeiro, o Salão FNLIJ do Livro para Crianças e Jovens, com foco na literatura para esse público. Nesse evento promovido anualmente o livro de literatura é o centro das atenções de crianças, jovens, pais, professores, escritores, ilustradores e especialistas. No Salão FNLIJ do Livro não há livros didáticos, de autoajuda, religiosos, de referência ou educativos. Além da literatura, estão presentes exclusivamente os livros informativos. Toda a programação do evento, que inclui lançamentos, encontros, seminários, performances dos ilustradores e exposições, ocorre em torno da leitura dos textos e da apreciação das ilustrações. Crianças e jovens que visitam o Salão da FNLIJ são presenteados com um livro de literatura. Na cultura escrita, a literatura, por ser expressão máxima da arte de pensar e escrever, é que nos possibilita conhecer e refletir sobre o mundo e as pessoas, de forma livre e, por isto, sua leitura favorece o desenvolvimento da crítica e da criação.
A FNLIJ, criada há 47 anos, é seção brasileira do International Board on Books for Young People/IBBY. Tem como objetivo institucional contribuir para a formação de leitores por meio da literatura. Há 41 anos, criou o Prêmio FNLIJ para eleger os melhores livros para crianças e jovens publicados anualmente no país, contemplando 18 categorias. É a instituição responsável pelas indicações bienais ao Prêmio Hans Christian Andersen, do IBBY, dentre as quais 3 foram vitoriosas, a saber: as escritoras Lygia Bojunga(1982), Ana Maria Machado ( 2000) e o ilustrador Roger Mello ( 2014).
Há 30 anos, com o projeto Ciranda de Livros (1982 a 1985), a FNLIJ foi pioneira em levar livros de literatura para escolas públicas mais carentes do país plantando sementes de bibliotecas. Em 1984, recebeu o reconhecimento da UNESCO com o Prêmio de Alfabetização. Foi a Ciranda de Livros que inspirou o Ministério da Educação e da Cultura/MEC a criar, em 1984, o Programa Sala de Leitura−PSL, a primeira ação do governo federal voltada para a compra e distribuição de livros de literatura para algumas escolas públicas. Em1997, o PSL passou a ser o Programa Nacional Biblioteca da Escola /PNBE, levando a literatura a todas as escolas do Ensino Fundamental do país. A partir de 2000, o PNBE se expandiu para o Ensino Médio e hoje podemos afirmar que todas as crianças e jovens das escolas públicas têm garantido o direito aos livros de literatura. Por sua vez, alguns estados e municípios criaram seus próprios programas, ampliando a presença desses livros nas escolas.
Com o PNBE e os outros programas locais conquistamos um objetivo de valor inestimável para a Educação brasileira: a garantia do acesso de crianças e jovens à cultura escrita, por meio da literatura, com as melhores histórias do Brasil e do mundo, um patrimônio universal que todos têm direito de conhecer, desde cedo, como afirma a escritora e acadêmica Ana Maria Machado.
Considerando que, na perspectiva de uma formação humanista, a leitura literária é o principal alicerce para a educação de nossas crianças e jovens, a FNLIJ, a mais antiga instituição no país dedicada a esse tema, faz um apelo ao Exmo. Ministro − que, como leitor, certamente conhece o valor desse simples mas poderoso ato para viver com qualidade − que preserve de possíveis cortes orçamentários a compra de livros de literatura para as escolas públicas.
Ao agir de maneira inversa ao que ocorre em momentos de crise, quando os cortes de verbas costumam atingir primeiramente as ações relacionadas à cultura e às artes, não interromper o programa anual de compra e distribuição de livros de literatura para crianças e jovens das escolas públicas é uma demonstração de quão importante o governo brasileiro considera garantir o direto democrático às histórias que estão nos livros de literatura, principalmente para aqueles cujas famílias não podem comprá-los para si.
Ler Literatura não é uma atividade supérflua ou dispensável. Ler literatura é essencial à vida humana.
A escola pública no Brasil é, para a maioria de crianças, a porta de entrada para o contato com a cultura escrita, que deve ser prazeroso, atraente e permanente como o é para aquelas crianças de famílias que têm condições financeiras e culturais para proporcionar-lhes a magia que é ouvir histórias dos livros.

Elizabeth D’Angelo Serra- Secretária Geral
Conselho Diretor:
Isis Valéria Gomes – Presidente
Marisa de Almeida Borba





quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Fidedignidade: uma qualidade em pesquisa

Fidedignidade: uma qualidade em pesquisa
Cristina Maria Rosa

Tu sabes o que é fidedignidade?
É ser fiel à verdade, ser leal, exato, verídico. Em pesquisa, é ser capaz de expressar o que se os dados revelam. Para o dicionário Aurélio, é a “Qualidade daquele ou daquilo que é fidedigno” e fidedigno, é “digno de todo o crédito”.
Todo pesquisador, mesmo que discorde de resultados de pesquisas a partir de evidências que os dados revelam, deseja ser fidedigno. Deseja ser capaz de revelar, a si mesmo e aos demais, as informações que, em entrevistas, questionários e observações pode colher como retrato de um tempo, um momento, uma realidade.
Mas pesquisar é muito mais do que ser fidedigno, uma vez que pressupõe relação entre dados. E essas relações são de vários tipos, entre eles, as relações de inteligência(pensar) sobre as revelações, dedúvida (questionar) sobre os dados e suas revelações, de ponderação(supor) sobre o evidenciado, deafirmação (concluir) de pequenas “verdades” e de estabelecimento deparâmetros (generalizar) para pesquisar mais e com maior afinco.
No entanto, nenhuma pesquisa pode deixar de ser fidedigna, sob o risco de perder a credibilidade.
Pesquisa Qualitativa
A pesquisa e, especialmente, a pesquisa de cunho qualitativo, de acordo com Van Zanten (2004) pressupõe que o ponto de vista do investigador seja “um pouco mais válido do ponto de vista científico” que os demais olhares a respeito do mesmo fenômeno, pois este olhar – o do pesquisador – “representa rigor no trabalho de investigação”.
Por ser um trabalho no qual se aplica técnicas, seus resultados se inscrevem em um campo de produção científica, mesmo quando se trata de um estudo pequeno, localizado. Assim, sua validade diz respeito à contribuição que oferece a um conhecimento já existente.
É bom lembrar que toda investigação aponta algo novo ao campo total de conhecimento e esse “novo” pode ser um olhar a respeito de um fenômeno, uma forma de olhar, um recorte que revela algo inusitado, uma peculiar relação estabelecida entre dados e mesmo, a negação de tudo que anteriormente se sabia a respeito do estudado.
A questão central em pesquisa qualitativa não é o tamanho do grupo que se estuda e, sim, o enfoque que se pode dar aos dados revelados. E não se pode ignorar que a maneira como são restituídos os resultados também produzem efeitos nas idéias e em sua generalização. Ou seja, a cada vez que se disponibilizam dados coletados, estes se integram ao público que os conhece que, desta forma, se torna mais culto em relação ao fenômeno.
Leia mais sobre o tema em:

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Infância reconhecida: uma carta aos professores.

Infância reconhecida: uma carta aos professores.
Cristina Maria Rosa

Quando entregou, em 1998, o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, o Ministro da Educação à época, escreveu uma Carta aos Professores de Educação Infantil. Ela está disponível, na íntegra, em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf. Um dos aspectos contidos na carta capturou minha atenção:

“Considerando a fase transitória pela qual passam creches e pré-escolas na busca por uma ação integrada que incorpore às atividades educativas os cuidados essenciais das crianças e suas brincadeiras, o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos”.

“... cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos”. Interessante! Leia na integra a carta, e observe a educação que estamos oferecendo a nossos pequenos nas escolas...


“É com muito prazer que lhe entregamos o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil referente às creches, entidades equivalentes e pré-escolas, que integra a série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais elaborados pelo Ministério da Educação e do Desporto. Atendendo às determinações da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) que estabelece, pela primeira vez na história de nosso país, que a educação infantil é a primeira etapa da educação básica, nosso objetivo, com este material, é auxiliá- lo na realização de seu trabalho educativo diário junto às crianças pequenas. Considerando a fase transitória pela qual passam creches e pré-escolas na busca por uma ação integrada que incorpore às atividades educativas os cuidados essenciais das crianças e suas brincadeiras, o Referencial pretende apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural. Este documento é fruto de um amplo debate nacional, no qual participaram professores e diversos profissionais que atuam diretamente com as crianças, contribuindo com conhecimentos diversos provenientes tanto da vasta e longa experiência prática de alguns, como da reflexão acadêmica, científica ou administrativa de outros. Ele representa um avanço na educação infantil ao buscar soluções educativas para a superação, de um lado, da tradição assistencialista das creches e, de outro, da marca da antecipação da escolaridade das pré-escolas. O Referencial foi concebido de maneira a servir como um guia de reflexão de cunho educacional sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam diretamente com crianças de zero a seis anos, respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural brasileira. Esperamos que os esforços daqueles que participaram dessa empreitada, em nome da melhoria da educação infantil, possam reverter em um enriquecimento das discussões pedagógicas no interior de cada instituição, subsidiando a elaboração de projetos educativos singulares, em parceria com as famílias e a comunidade” (Paulo Renato Souza. Ministro da Educação e do Desporto. Brasil, 1998).