Mimadinha,
a boneca de uma das participantes
|
Antecipando a
Semana Mundial do Brincar, que ocorre entre 21 a 28 de maio, demos curso a uma pesquisa
informal, em nossa lista de contatos, sobre o brinquedo predileto de cada um.
A consulta – uma brincadeira com pessoas entre seis e setenta e nove anos via WhatsApp – foi inspirada no convite enviado pelo Rogério Würdig, brincador e atual diretor da FaE/UFpel, que, em 01 de maio de 2017, nos comunicou a respeito da Semana Mundial do Brincar promovida pela Aliança pela Infância, cujo tema, neste ano, é “O Brincar que Encanta o Lugar”.
No mesmo dia do envio da pergunta, muitos responderam indicando que havíamos tocado em memórias preciosas, inesquecíveis. A seguir, os respostas de quatro crianças (duas meninas e dois meninos), dezoito homens e cento e uma mulheres que, até agora, responderam.
A consulta – uma brincadeira com pessoas entre seis e setenta e nove anos via WhatsApp – foi inspirada no convite enviado pelo Rogério Würdig, brincador e atual diretor da FaE/UFpel, que, em 01 de maio de 2017, nos comunicou a respeito da Semana Mundial do Brincar promovida pela Aliança pela Infância, cujo tema, neste ano, é “O Brincar que Encanta o Lugar”.
No mesmo dia do envio da pergunta, muitos responderam indicando que havíamos tocado em memórias preciosas, inesquecíveis. A seguir, os respostas de quatro crianças (duas meninas e dois meninos), dezoito homens e cento e uma mulheres que, até agora, responderam.
Brinquedo predileto
O brinquedo citado como preferido por trinta e duas pessoas foi “boneca”. Isso corresponde a 26% do total de respostas e elas foram enviadas por meninas e mulheres. Muitas enviaram a foto da boneca que ainda guardam, outras mencionaram seus nomes (Mimadinha, Neneca, Lúcia, Ana...). Contaram do que eram feitas (de retalhos, porcelana, louça, massa, papel, pano, plástico) e uma até disse que a sua desmanchou, quando foi colocada na chuva. Outras, meninas de outrora, mencionaram o que havia nestes brinquedos que as encantavam : elas choravam, comiam, faziam xixi, abriam e fechavam os olhos, algumas tinham cheirinho.
Na pesquisa, compreendemos que para o grupo ouvido, as bonecas são as grandes companhias das infâncias de parte considerável das meninas, mas não da maioria, pois há entre elas as que gostam de bola, bibicleta, patins e até carrinhos.
Brinquedos que
tiveram mais de uma menção foram: brincar com uma bola (seis), ter ou brincar
com bichos de pelúcia (seis), brincar de bicicleta (quatro), com casinha de
boneca (quatro). Ocorreu empate entre as vezes que carrinhos, panelinhas,
bolinhas de gude, esconde-esconde e videogames foram lembrados como prediletos: três pessoas
cada.
Ler (livros e
gibis), ouvir música (discos) ou brincar de escola ou com “coisas de escola”
foi citado por nove adultos como brinquedo predileto em suas infâncias. Brinquedos com
controle remoto (moto, avião), quebra-cabeça, carrinho de lomba ou rolimã e
brincar de sapata foram citados duas vezes cada. Três pessoas
disseram que seus brinquedos foram tantos que não sabem escolher um predileto.
As brincadeiras listadas a seguir foram citadas uma vez cada, entre elas, fazer teatro com os
irmãos, jogar amarelinha, pense-bem, três Marias, taco, bilboquê, bola ao pé,
cai-não-cai. Andar à cavalo, com “pé de lata”,
de patins, triciclo ou roller e pular elástico tambpém foi considerado brincadeirta predileta. Não faltou brinquedos de encaixar, soltar pandorga,
brincar com bonecas de papel e suas roupas.
Alguns mencionaram invenções como brincar com uma tampa de panela e um saco de plástico na cabeça. Outros, disseram gostar de água-play, de girafa de plástico, de dinossauros, caixa registradora, liquidificador. E tem uma professora que um dia foi babá e disse: “Lembro de assistir ao filme “Rei Leão” mil vezes, e chorar sempre, com o menino que amei cuidar”. Duas informantes que moravam no campo quando crianças mencionaram fazer "casinha no mato", brincar de fazenda com os ossinhos e com boneca de pano vestidas com roupas de bebê, “pois minha mãe teve quatorze filhos e sempre havia alguma touca cheia de frufus para brincar”. Um jovem respondeu mandando uma foto de seus índios de plástico.
Alguns mencionaram invenções como brincar com uma tampa de panela e um saco de plástico na cabeça. Outros, disseram gostar de água-play, de girafa de plástico, de dinossauros, caixa registradora, liquidificador. E tem uma professora que um dia foi babá e disse: “Lembro de assistir ao filme “Rei Leão” mil vezes, e chorar sempre, com o menino que amei cuidar”. Duas informantes que moravam no campo quando crianças mencionaram fazer "casinha no mato", brincar de fazenda com os ossinhos e com boneca de pano vestidas com roupas de bebê, “pois minha mãe teve quatorze filhos e sempre havia alguma touca cheia de frufus para brincar”.
Algumas pessoas se emocionaram ao rememorar seus brinquedos. Mandaram um depoimento por escrito
ou em mensagem de voz, que muito nos alegrou. Agradecemos a todos que reponderam e que abriram sua memórias. Foi lindo saber que a infância de muitos teve sonho, bricadeira, brinquedos, amigos, alegrias. E que além de pertencerem a seus guardados emocionais, alguns desses brinquedos ainda existem...
Os depoimentos
“Tenho minha boneca Mimadinha há 40 anos. Ganhei dá minha avó quando tinha 7 anos. Está velhinha, mas não deixo ela por nada...”
Os depoimentos
“Tenho minha boneca Mimadinha há 40 anos. Ganhei dá minha avó quando tinha 7 anos. Está velhinha, mas não deixo ela por nada...”
“Tive dois: um macaco de pelúcia que
tomava mamadeira, presente de Natal. Meu pai me levou em uma loja que tinha um
andar inteiro de brinquedos e eu podia escolher o que quisesse, inclusive uma
boneca. Quando vi o "Tico", não quis outro presente. Eu tinha 7 anos
e ainda tenho ele comigo passados 37 anos.
O outro, um jogo de panelas de plástico onde cada panela tinha um rosto.
A de arroz, a cara de um chinês. Tinha
fogão e também um bule. As panelas eram coloridas. Eu escolhi no dia das
crianças. Meu pai queria me dar panelas
de verdade em tamanho pequeno, mas eu
queria aquelas. No dia das crianças, minha irmã maior brincou comigo. Colocamos arroz e feijão nas panelas e
fizemos de conta que cozinhávamos. Também fizemos suco. Por muitos anos
brinquei com essas panelas que depois dei pra uma prima, quando cresci.
“Meus prediletos
eram aranhas, sapos, lagartixas, cobras de plástico e cachorros de verdade”.
“Meu brinquedo
predileto foi um carrinho. Era um fusca verde, tão pequeno que cabia na minha
mão. Eu sempre quis ter um carrinho, mas era menina e não podia. No meu
aniversário de 8 anos, ganhei do meu tio. Só para zoar comigo, mas tenho ele
guardado até hoje! Da mesma forma, quando tinha um quadro e meu sonho era
ganhar uma caixinha e giz. Tenho esta caixa com apagador até hoje, usei no meu
estágio. Foi incrível essa magia. Sempre gostei de brincar de ser professora e
hoje sou uma professora muito feliz”.
“Bonecas. Tive
quatro em toda a minha infância. A Ana Lúcia que era grande e as gêmeas, que
eram duas bonecas iguais. Todas com rosto de porcelana e cujos olhos abriam e
fechavam e um boneco grande que eu chamava Janjão e que várias vezes foi
consertado, pois minhas amigas enfiavam os dedos nos olhos e eles iam para
dentro”.
“Um pequeno urso
que quando eu dava corda ele andava, pois tinha rodinhas embaixo do pé e tocava
musiquinha”.
“Meu brinquedo era
um boneco. Eu não brincava com ele. Só estava lá e na minha imaginação, era meu
filho”.
“As casas de
bonecas que fazíamos dentro de revistas. Recortávamos gravuras: moças, rapazes,
salas, cozinhas, quartos, banheiros, roupas... Colocávamos cada uma numa folha
de revista, que era a casa da boneca e, assim, tínhamos várias casas de
bonecas. Foi um dos primeiros livros artesanais da minha infância. Sou de 1957.
Revista manchete, Cruzeiro...”.
“Uma boneca de pano
negrinha com cabelos cor de rosa que minha mãe fez. Ela carregava seu bebê na
barriga, tinha uma abertura que se podia simular um parto e ainda possuía seios
para amamentar.
“Meu brinquedo
predileto foi uma tampa de panela e um saco plástico na cabeça. Isso ocorreu
por causa do Senna, eu brincava de ser o Senna sempre. Até hoje me dá um nó na
garganta quando vejo o acidente”.
“Meu brinquedo
predileto foi o patins, fazia manobras radicais!”
“Meu predileto foi
boneca e bolinha de gude. Cresci numa família que considerava brinquedo igual a
objeto desnecessário”.
“Gostava muito de
brincar com bichos de plástico montando fazendinhas e depois de certa idade,
brincava de escola, onde eu sempre era professor”.
Um
depoimento gravado
Na segunda-feira
dia 08/05, encontrei uma das pessoas que havia mandado a mensagem. Logo que me
viu, mencionou a pesquisa, dizendo que não havia respondido. Junto com uma
cunhada que a visitava, ficamos ali as três, de três gerações diferentes,
relembrando o passado. Animadas pela minha curiosidade, as duas se puseram a rememorar
e, imediatamente, solicitei que gravássemos a conversa. Foi dela que resultou o
seguinte depoimento:
“Brincávamos com casinha de torrão, quincha de santa fé, fazia uma casinha no mato, fazia comida de panelinha, um foguinho de chão. O teto era com macega e Santa fé, o ponto em cima com agulha de arame e imbira, tira de imbira, dava o ponto em cima para segurar a quincha. E tinha o gado do campo, as ovelhas que eram ossinhos das canelas das ovelhas: tinha o touro, a ovelha, o carneiro, a vaca que dava leite, o terneirinho... Durante a sestea do pai e da mãe, dos meus cinco aos doze, treze anos, quando comecei a namorar, eu brincava de fazendinha, de boneca, de casinha no mato. Bonecas: eram umas bonequinhas de pano, paninhos enroladinhos. Minha mãe era costureira, nós pegávamos os retalhos e enrolava o corpo das bonecas, fazia os bracinhos com paninhos mais fininhos, fazia as perninhas com paninhos mais grossinhos. Pegava as roupas das crianças – minha mãe teve 14 filhos, sempre tinha roupa de criança pequenas aquelas toquinhas cheias de frufru. Era muita boneca: as mães, avós, filha, tia. E tinha os noivos. Posso gravar isso? Os bonecos homens tinham uns tiquinhos. Nós éramos espertas, sim. Fazíamos o casamento. Noivavam, casavam, namoravam, tudo. Quando era para ter filho, botávamos uma barriga postiça, nas bonecas, depois nascia a criança”.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir