quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Contistas da Literatura Brasileira: os melhores


Contistas da Literatura Brasileira: alguns dos melhores.
Cristina Maria Rosa

Escrever ou ler um conto é, com certeza, um prazer que muitos brasileiros já conhecem.
Temos, na história de nossa Literatura, a presença de muitos e bons contos, elaborados por excelentes escritores, de norte a sul do país. Temos, também, diversas tentativas de reunir os melhores em mais e mais antologias. Os autores dos "melhores" são, logo depois, procurados por ávidos leitores em busca de mais do mesmo: uma narrativa enxuta, com um início instigante, um ápice de tirar o fôlego e um desfecho sempre surpreendente. Essa uma fórmula imbatível. E não importa muito quantas palavras o autor utiliza para nos capturar para sempre. em poucos parágrafos ou em algumas páginas, o segredo é enlaçar o desavisado ou experiente leitor para mais e mais...

Uma pesquisa recente
Os melhores contistas da história da literatura brasileira foram escolhidos por indicação.
Helena Oliveira, da Revista Bula revelou que, entre os meses de março e outubro de 2019, uma enquete entre leitores buscou conhecer quais seriam os melhores contistas brasileiros.
Organizados em cinco categorias (+150 indicações, +100, +80, +50 e +30), os autores deveriam ser nascidos no Brasil ou naturalizados. O critério de desempate, quando necessário, foi o número de contos incluídos no livro “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”, de Ítalo Moriconi, publicado em 2000.
Quem votou?
Quatro mil e trezentos colaboradores, assinantes ou seguidores da página da revista no Facebook participaram. Eles escolheram escritores das regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Nordeste.
Origem geográfica: 1º lugar) Minas Gerais foi o estado com o maior número de escritores mencionados, com cinco indicações; 2º lugar) Rio de Janeiro e São Paulo, com quatro indicados cada; 3º lugar) Região Sul, também com quatro autores indicados.
150 indicações: Lygia Fagundes Telles
Conhecida como a “dama da literatura brasileira”, é considerada a maior escritora nacional viva. Nascida em 1923, em São Paulo, ela iniciou sua carreira aos 15 anos. Entre seus 20 livros de contos, os mais conhecidos são “Antes do Baile Verde” (1970), “A Estrutura da Bolha de Sabão” (1991) e “Invenção e Memória” (2000). Lygia ganhou várias honrarias importantes, como o Prêmio Camões e o Jabuti
Vivos e mortos: Entre os escritores selecionados, 13 não estão vivos: Murilo Rubião, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, José J. Veiga, Rubem Braga, Fernando Sabino, Lima Barreto, Caio Fernando Abreu, Antônio Carlos Viana, Orígenes Lessa, Moacyr Scliar e Monteiro Lobato. Com relação à idade, o mais jovem é o gaúcho Amilcar Bettega Barbosa, que nasceu em 1964, e o mais velho é o carioca Machado de Assis, nascido em 1839.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

Contadores e leitores de histórias: um evento na BPP

Contadores e leitores de histórias: um evento na BPP
Cristina Maria Rosa
Tutora PET Educação


Para invadir o imaginário de mais e mais aprendizes da arte de admirar livros, a Camila Pierzckalski, Pedagoga do Setor Infantojuvenil da Biblioteca Pública Pelotense criou um encontro de contadores de histórias. E convidou a SLEV - Sala de Leitura Erico Verissimo, para dividir responsabilidades.
O evento ocorrerá no dia 16 de novembro, sábado, entre as 9 e as 15 horas, nas salas centenárias da BPP. Acompanhe o programa, se inscreva e divirta-se!

Reunião preparatória: 30/10/2019
A SLEV no evento
O segundo encontro será realizado em parceria entre a BPP (setor infantojuvenil) e a Sala de Leitura Erico Verissimo (da FaE/UFPel). Os estudantes da Licenciatura em Pedagogia, do PET Educação e do GELL - grupo de estudos em Leitura Literária estarão no evento como:
1.      Personagens dos contos infantis na recepção aos inscritos;
2.      Mediadores das rodas de conversas simultâneas;
3.      Leitores de histórias 

Programa:
Inscrições: até dia 08/11, no site do evento;
Dia 16, 9 horas:
1. Recepção aos inscritos pelos personagens da BPP e SLEV - Sala de Leitura Erico Verissimo da FaE/UFPel;
2. Credenciamento na entrada da BPP;
9 horas e 30 minutos: Passeio explorativo do espaço da BPP: Camila Pierzckalski;
10 horas: Rodas de conversas simultâneas sobre os temas:
1. Mediação Literária e Práticas Pedagógicas - PET Educação;
2. Leitura Literária e a importância da formação de leitores - GELL FaE/UFPel;
3. Processo de Formação Leitora - Sala de Leitura Erico Verissimo
11 horas e 30 minutos: intervalo para almoço
13 horas e 30 minutos: Metodologias de leitura e contação de histórias com Camila Pierzckalski (BPP), Cristina Rosa (FaE/UFPel), Cinara Postringer e Paloma Wiegand  (SLEV), Estefânia Konrad, Jéssica Corrêa, Mariana Paz e Valdoir Simões (PET Educação);




Não perca! Vagas limitadas!
Reunião preparatória na BPP em 30/10/2019
Venha compartilhar suas impressões obre a leitura literária no 2º encontro de contadores de Histórias!
Ele ocorre no dia 16 de novembro, entre 9 e 15 horas, na Biblioteca Pública Pelotense. Faça sua inscrição e garanta sua ecobag!
Clique no site da BPP e não perca! As vagas são limitadas...

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Espetáculo literário O mate do João Cardoso

Espetáculo literário
O mate do João Cardoso
Cristina Maria Rosa
Coordenadora do GELL

O GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária, o PET Educação e a SLEV - Sala De Leitura Erico Verissimo convidam a todos para o espetáculo literário inspirado em Aldyr Garcia Schlee e João Simões Lopes Neto.
O Espetáculo foi criado em homenagem a Aldyr Garcia Schlee.
O texto de abertura foi colhido no Dicionário da Cultura Pampeana Sul-rio-grandense. Editora Frutos do País, 2019.

Fique atento às datas:
Espetáculo Literário O mate do João Cardoso: Um conto de João Simões Lopes Neto.
Onde? Auditório do Museu do Doce.
Quando? 02, 09 e 16 de Novembro
Hora: 16 às 17 horas.
Entrada franca.

Banner do espetáculo em 2018
Banner do evento
No sábado, dia 02 de novembro, o GELL colherá imagens para o banner memória do espetáculo.
Participe desse momento!
O que deves fazer? Vestir a indumentária do espetáculo e integrar o grupo no cenário.
As imagens colhidas serão inseridas no banner que registrará o acontecimento e as cenas do espetáculo em 2019.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

GELL na feira do livro: um espetáculo!


GELL em Outubro: Véspera da Feira do Livro 2019

Outubro é um mês importante para a leitura literária. O GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária da FaE/UFPel –, está promovendo ações de estudo, pesquisa e intervenção em grupos e escolas leitoras. O foco é cultivar o gosto por livros, autores e gêneros literários com muita leitura. Palestras, visitas, encontros e ensaios também estão na agenda do GELL, que é apoiado pelo Gruo PET Educação. 
Lançamento da Obra Coisas de Infância
Tendo recentemente – sábado, 28 de setembro de 2019 – realizado a leitura de parte dos contos pelos autores da obra digital Coisas de Infância no setor Infantojuvenil da Biblioteca Púbica Pelotense, às 16 horas, o Grupo se prepara para um mês repleto de atividades.
Conheça as datas importantes e participe:

OUTUBRO CALENDÁRIO
Dia 01 de outubro: Publicação da agenda de atividades no Blog da sala de leitura.
Dia 02 e 03 de outubro: Ensaio do Espetáculo “O mate do João Cardoso”. Mercado Público, 16 horas.
Dia 04 de outubro: Projeto Leitura para a Longevidade. Um programa de leitura especial para quem tem 60 +. Na Livraria Vanguarda, a partir das 14 horas e 30 minutos. Aberto ao público da cidade.
Dia 05 de outubro: Ensaio do Espetáculo O mate do João Cardoso. Mercado Público, 16 horas.
Dia 09 de outubro: Programa “Autora na Escola”. Visita e leitura literária na Turma A4C, da professora Katia Schneider. Colégio Municipal Pelotense, da professora Kátia Schneider. Leitura e confecção de livro digital com as crianças. Responsabilidade: Cristina Maria Rosa, 14 às 16 horas.
09 de Outubro, 19 horas: Palestra literária na Anhanguera. Público: Estudantes de Pedagogia. 
Dia 10 de outubro: Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Professores Leitores. CETEP. Tema: Literatura inclusiva: raça, gênero, diversidade, com Leonardo Capra (Pedagogo/UFPel). CETEP, 9 horas. Responsáveis: Simone Echebeste – Bibliotecária CETEP/SMED e Cristina Rosa - Doutora em Educação FaE/UFPel
Dia 11 de outubro:
14 horas: Poesia na Literatura: Explanação oral e exploração do acervo: Cecília Meireles, Mário Quintana, Manoel de Barros, Vinícius de Moraes, Sérgio Capparelli. UNAPI – Universidade aberta a pessoas idosas. Sala 103. Térreo do ICHS/UFPel.
15 horas: Curso de Formação e Aperfeiçoamento de Professores Leitores. Tema: Literatura inclusiva: raça, gênero, diversidade, com Leonardo Capra (Pedagogo/UFPel). CETEP, 15 horas. Responsáveis: Simone Echebeste – Bibliotecária CETEP/SMED e Cristina Rosa - Doutora em Educação FaE/UFPel
16 de outubro: Professora Cristina Rosa integra Banca de Defesa de Projeto de Dissertação de Mestrado. Título do trabalho: Scripts de Gênero e a construção das feminilidades negras na Literatura para crianças pequenas. Autora: Vanessa Rosa da Costa. Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Orientadora: Prof.ª. Drª. Jane Felipe de Souza. Linha de Pesquisa: Educação, Sexualidade e Relações de Gênero. PoA, 16/10/2019, 14 horas.
17 de outubro: Aula TPP I – Licenciatura em Pedagogia. Avaliação de temas importantes para a literatura na escola.
18 de outubro:
14 horas: Poesia: um gênero da literatura para crianças. Como ler poesia na escola? UNAPI – Universidade aberta a pessoas idosas. Sala 103. Térreo do ICHS/UFPel.
17 horas: Ensaio do Espetáculo “O mate do João Cardoso”. Sala do PET Educação.

21 a 25 de outubro – SIIEPE UFPel
O GELL estará no evento apresentando trabalhos na área da leitura e da literatura. Em breve, o calendário. Além disso, o grupo estará em escolas públicas, realizando leituras literárias.
21 de outubro: Personagens vão à escola – Leitura Literária na escola Ruth Blank;
25 de outubro: Personagens vão à escola – Leitura Literária na escola Ruth Blank;
30 de outubro: Ensaio do Espetáculo “O mate do João Cardoso”. Sala 257. FaE/UFPel.
31 de outubro: Palestra: Perfil Leitor, com Leonardo Capra Seminário livro literário Ana Maria Machado. 19 horas, sala 256. Licenciatura em Pedagogia da FaE/UFpel.


Novembro: GELL na 47ª Feira do Livro:
Neste ano, o GELL vai concentrar suas atividades na Feira do Livro apresentando à cidade o Espetáculo O mate do João Cardoso, de JSLN. É uma leitura teatralizada do conto de autor pelotense que será ofertado gratuitamente ao público nos dias 02, 09 e 16 de novembro, no Auditório do Museu do Doce (Casarão 8 - Centro Histórico), às 16 horas e 30 minutos. Lotação da sala: 40 lugares.
Em novembro, atualizaremos o blog com a programação. Acompanhe!

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Livros para bebês: criança pequena não pode ser subestimada!


Livros para bebês: criança pequena não pode ser subestimada!
Cristina Maria Rosa

A categorização das obras que deram início ao acervo da SLEV – Sala de Leitura Erico Verisisso – foi inspirada nos critérios desenvolvidos por Fanny Abramovich (1989), Nelly Novaes Coelho (1993) e Maria Betty Coelho Silva (1991). Para as autoras, a criança que se encontra na primeira infância (entre zero e seis anos) é o potencial leitor, pré-leitor ou leitor pré-escolar.
Para Abramovich (1989), a literatura tem linguagem fluida e aborda os problemas de modo discursivo. Assim, os critérios a serem adotados quando da escolha de obras são:
a) ter como princípio que a formação do leitor inicia pela audição de muitas histórias;
b) escolher inicialmente histórias curtas e bem humoradas, inteligentes, criativas, que surpreendem e investir na escolha – intransferível e pessoal – de obras a serem lidas pelos leitores;
c) observar de forma crítica como os personagens são representados nas ilustrações, especialmente os pobres, as mulheres, os indígenas, japoneses e negros, as mães, tias e professoras;
d) priorizar a presença de humor, o deboche saudável, a ironia, o nonsense, a presença de personagens nada comuns;
e) preferir obras com presença da lógica da criança;
f) inserir a poesia “boa, bem escrita, que mexe com a emoção, que nos aguça, que nos deixa um pouco diferente depois de cada verso”;
g) propor obras que oferecem informação e verdade, pois “entender o processo de como nascemos até quando morremos faz parte natural da curiosidade da criança”;
h) ler integralmente os “Contos de Fadas” pela abordagem do amor em todos os seus prismas: descoberta, encanto, possibilidade, entrega, plenitude, sofrimento, angústia, injustiça, tristeza, obstáculos, dúvidas, identidade, rejeição, perdas, esquecimentos, revelações de sexualidade, da vida e da morte.
Para Nelly Novaes Coelho (1993) a categoria leitora está vinculada a três fatores: “idade cronológica, nível de amadurecimento biopsíquico-afetivo-intelectual e grau ou nível de conhecimento/domínio do mecanismo da leitura”. Assim, indica compor um acervo a partir da seguinte divisão: 1) pré-leitor (primeira infância que inclui bebês dos 15/17 meses aos 3 anos e segunda infância, com crianças a partir dos 2/3 anos); 2) Leitor iniciante ou crianças a partir dos 6/7 anos; 3) Leitor em processo ou crianças a partir dos 8/9 anos; 4) leitor fluente ou criança a partir dos 10/11 anos e 5) leitor crítico, já um pré-adolescente a partir dos 12/13 anos.
Para Maria Betty Coelho Silva (1991), devem ser respeitadas as peculiaridades e os estágios emocionais das crianças na escolha dos livros. “Alimento da imaginação”, as histórias precisam respeitar a “estrutura cerebral” infantil. A autora faz um quadro demonstrativo de interesses, no qual divide os leitores em pré-escolares e escolares. E divide os pré-escolares em duas fases: a pré-mágica (crianças até três anos) e a mágica (crianças de três a seis anos). Aconselha para os primeiros, histórias de bichinhos, brinquedos, objetos, seres da natureza (humanizados), história de crianças. Para os demais, histórias de repetição e acumulativas, além de histórias de fadas.
Os bebês e a leitura
Pouco estudados no século XX, esse grupo de leitores em formação (bebês em sua maioria não escolarizados) eram pouco visados pelas políticas públicas e pela indústria do livro. O comum é que editoras criavam brinquedos que imitavam livros como os de pano, de borracha, de plástico e outros materiais resistentes ao tato, ao gosto, à água, À falta de traquejo das mãos infantis.
Em fins do século XX e início do XXI, a presença intensa de bebês nos berçários e escolas infantis desencadeou estudos com o intuito de prescrever quais seriam os livros que poderiam ser utilizados na alfabetização literária dessas crianças. Para Abramovich (1989), Coelho (1993) e Silva (1991), deveriam ser livros lidos por adultos para as crianças, ilustrados, bem humorados, poéticos. E deveriam conter histórias sobre bichos, brinquedos, objetos, seres da natureza, histórias de repetição e acumulativas. Obras com predomínio da fantasia como contos de fadas, mitos, lendas e fábulas e atitudes como o desenvolvimento da apreciação critica da leitura são recomendados. Pouco texto, muita gravura, cor e, em alguns casos, sons também foram sugeridos e apareceram no mercado. Livros de panos, livros-brinquedos e somente de imagens aparecem com frequência nos catálogos de Editoras.
Alfabetização Literária
No processo de apresentação do mundo da leitura literária ao bebê, penso que a criança pequena não pode ser subestimada.
A leitura de livros pode ter início assim que ela ficar ereta, sentada no colo do adulto, na cadeirinha ou no “bebê-conforto”. Para tal, o leitor (mãe, irmão mais velho, professora, cuidadora) deve escolher um excelente texto que pode ou não ser ilustrado. Defendo que, durante a leitura do texto escolhido, o som da voz e os ritos da leitura (escolher, abrir folhear, indicar imagens, fechar, guardar) são formadores desse leitor em potencial, tornando a leitura “de verdade” e não apenas imitação ou distração.
E lembre: um livro não é um brinquedo: é o artefato mais importante da cultura escrita e a leitura, seus atributos e sentidos podem ser adquiridos desde tenra idade.

Para Debus (2015), “a criança se constitui leitor bem antes de dominar o código escrito” e, nesse processo “a interação com o professor e as outras crianças do ambiente educacional é fundamental”. Assim, afirma a pesquisadora, “a constituição do acervo da educação Infantil não deve se restringir somente a livros-objetos, livros só de imagens ou livros com poucos textos; além desses, é salutar que existam narrativas encantatórias, poemas e textos mais longos, que muitas vezes não serão manuseados pelas crianças, mas farão parte do seu repertório por intermédio do professor”.

terça-feira, 25 de junho de 2019

17ª semana Nacional de Museus: Sala de Leitura presente!

Sala de Leitura Érico Veríssimo e suas Micropolíticas de formação do Leitor Literário.

        A sala de 
Leitura Érico Veríssimo apresentou-se em evento ocorrido no museu do Doce em 2019. Foi a 17ª semana Nacional de Museus, organizada pela PREC UFPel, Rede de Museus da UFPel e o IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus.   Orientado pela docente da Fae/UFPel, Drª. CRISTINA MARIA ROSA, o trabalho, intitulado Sala de Leitura Erico Verissimo e suas Micropolíticas de formação do Leitor Literário foi escrito por IEDA MARIA KURTZ DE AZEVEDO e CINARA TONELLO POSTRINGER. 
Leia o trabalho na íntegra:


Sala de Leitura Érico Veríssimo
e suas Micropolíticas de formação do Leitor Literário.

Cinara Tonello Postringer
Drª. Cristina Maria Rosa
Ieda Maria Kurtz de Azevedo

Resumo: No trabalho apresentamos, após anos de trabalho, a conquista da Sala de Leitura Érico Veríssimo. Nomeada em homenagem a nosso maior escritor, localizada geograficamente no andar principal do Museu do Doce no centro Histórico da cidade de Pelotas. É uma estrutura acadêmica que integra ensino, pesquisa e extensão e tem como centralidade a proposição de micropolíticas de formação do leitor literário, bem como a qualificação, no âmbito da Leitura Literária, dos estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia. O objetivo do trabalho é apresentar as micropolíticas desenvolvidas no espaço e eventos desencadeados a partir da necessidade e importância de construir uma prática capaz de questionar o mundo propondo outras direções de vida e de convivência cultural. Assim, elencamos os eventos que tem como norte a formação do leitor literário e as práticas de mediação literária. Como referencial teórico nos cercamos de textos ofertados por Graça Paulino (2014), Yolanda Reyes (2014) e Cristina Maria Rosa (2015) unânimes em considerar que a leitura literária é porta de entrada para a formação do leitor desde a tenra idade. 
Palavras-chave: Leitura Literária; Mediação Literária; Sala de Leitura.

Introdução
No trabalho apresentamos as práticas de Leitura Literária desenvolvidas na sala de Leitura Érico Veríssimo, uma estrutura acadêmica vinculada ao GELL – Grupo de Estudos em Leitura Literária da Faculdade de Educação da UFPel – apoiada pelo PET Educação e coordenada pela Drª. Cristina Maria Rosa e o impacto das micropolíticas de leitura literária desencadeadas. Criada para ofertar uma formação diferenciada aos alunos da licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas (FaE/UFPel), a sala também é frequentada por estudantes vinculados a diferentes graduações da UFPel.
Integrada ao Casarão 8, Museu do Doce, no centro histórico de Pelotas, acomodada em um espaço de aproximadamente   30m²,  a sala é ambientada com decorações e adereços que remetem os frequentadores ao mundo da imaginação. Nela são desenvolvidas práticas de apresentação da Leitura Literária a crianças, preferencialmente de escolas públicas.  Dentre o público que frequenta a sala também estão pais com seus filhos, idosos e turistas, sendo aberta a toda a sociedade. O foco da Sala de leitura Érico Veríssimo é promover o encontro da Literatura com todos os públicos tornando-se, dessa forma, mediadora entre os livros e a literatura.
A formação do mediador literário é estruturador e primordial no exercício cotidiano da docência nos anos iniciais da escolaridade. A argumentação parte do princípio de que crianças que chegam à escola pública precisam ser apresentadas à linguagem literária, alfabetizadas literariamente (ROSA, 2015). É necessário alfabetizar, propiciar acesso aos livros e dialogar com os leitores em formação sobre suas leituras e sentidos atribuídos a elas. A leitura para fruição, compreendida como aquela voltada para o prazer, no sentido atribuído ao referir-se à formação do leitor, Zilberman (2003, p. 30) diz que a legitimidade do uso da literatura na sala de aula vem tanto “da relação que estabelece com seu leitor, convertendo-o num ser crítico perante a sua circunstância” quanto “do papel transformador que pode exercer dentro do ensino, trazendo-o para a realidade do estudante”. Outra das ideias compartilhadas é que a oportunidade de entrar em contato com impressos que a escola e a sociedade valorizam deve acontecer através do professor. Assim, a alfabetização literária requer a atitude de um mediador – uma pessoa que "estende pontes entre os livros e os leitores" (REYES, 2014).
Para Paulino (2014, p. 177) há, quando da leitura, um “pacto entre leitor e texto” que “inclui, necessariamente, a dimensão imaginária, em que se destaca a linguagem como foco de atenção, pois através dela se inventam outros mundos, em que nascem seres diversos, com suas ações, pensamentos, emoções”. Para ela a leitura literária é “uma prática cultural de natureza artística” em que o gosto e o prazer acompanham seu desenvolvimento e são “vivenciados como mais importantes”, embora outros objetivos possam existir. A pesquisadora argumenta que a leitura literária constitui “uma prática capaz de questionar o mundo já organizado, propondo outras direções de vida e de convivência cultural”. Ao selecionar “livros que fascinam”, os mediadores transformam pessoas em leitores. Leitores de imagens, leitores de textos, leitores de sentidos, leitores de vidas.
Para ofertar a leitura a sujeitos que ainda não detém a interação com os livros e a literatura, é preciso preparar-se anteriormente: utilizar critérios de escolha, conhecer as obras adequadas ao público ouvinte, selecionar um grupo de textos que capturem a atenção e oportunizem o prazer e o gostar de ouvir. Para Rosa (2017, s/nº): “Uma obra literária não tem a tarefa de informar, embora possa fazer isso; não tem como compromisso educar, apesar de poder. A pesquisadora afirma ainda que, a obra literária tem compromisso com a imaginação, a emoção, a estética”. (ROSA, 2017).
No Manifesto por um Brasil Literário, elaborado em 2009, para lançamento do Movimento por um Brasil Literário, Bartolomeu Campos de Queirós afirma que “a leitura literária é um direito de todos”, considerando que a maioria das famílias pertencentes às camadas populares não dispõe de acesso à leitura e literatura ou outros impressos gráficos em seu cotidiano, cabe à escola, principalmente ao professor, o papel de promover esse acesso. Para QUEIRÓS (2009), na literatura “o sujeito viaja por outro mundo possível”, cria, inventa, imagina, “rompe com o limite do provável” estabelecendo um diálogo “entre o real e o idealizado”.
Letramento literário é um conjunto de práticas que envolvem o escritor e leitor na construção de conhecimento, aprendizagens e novas interpretações e construção de novos caminhos. Para Cosson (2009), o processo de letramento literário deve envolver aspectos que conciliem os diversos textos literários circundantes nas esferas sociais, e ainda que:
[...] devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura, como bem nos alerta Magda Soares, mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de humanização. (COSSON, 2009, p. 23). https://sites.google.com/site/estudosdeletramento/letramento-literario
Ele é diferente de outros tipos de letramento, a literatura ocupa um lugar único em relação à linguagem. É capaz de tornar o mundo compreensível e  transformador em sua materialidade nas palavras de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas. Essa concepção está de acordo com a noção de letramento literário de Magda Soares (apud GONÇALVES, Sarah, 2017). Quando ela explica sobre os caminhos do processo de alfabetização e práticas sociais de leitura e ainda, sobre as facetas da aprendizagem, destacando: a faceta da leitura fluente: Soares salienta, ainda, que a  literatura direciona às práticas de leitura que ocorrem no contexto social, às atitudes e aos valores que correspondem ao tipo de leitor que está em formação.
Segundo Sylvia Pellegrinno “a literatura é muito importante para o ser humano se conhecer melhor, é uma forma através da linguagem em adquirir experiências de vida, é muito importante também para enriquecer a nossa cultura”, segue a autora  expondo a importância de conhecer novos pontos de vista, épocas distintas, das nossas, e até figuras diferentes e pouco conhecidas”. Para Sylvia a leitura nos ajuda a conhecer o mundo e suas diversas impressões “nos possibilitando a um novo conhecimento sobre nós mesmos”.
A literatura possibilita ao leitor, em um dado momento, se identificar com o personagem, com suas emoções e angústias. Permite, em muitos casos, se descobrir como escritor, não importando o gênero, a literatura contribui para o enriquecimento do   vocabulário e do senso crítico do leitor, possibilita expansão de horizontes, num mundo de ideias e ideais.
A proposição da Sala de Leitura Érico Veríssimo surgiu, de acordo com a Coordenadora, com o intuito de abrigar e disponibilizar acervos aos estudantes da Licenciatura de Pedagogia. Adquiridos com recursos públicos e doações, a sala abriga atualmente, seis acervos: obras literárias infanto-juvenis, obras literárias universais, livros sobre literatura e seu ensino, obras literárias para crianças, uma Gibiteca e uma coleção de 30 banners com a história do GELL, da Sala de Leitura e suas políticas.
Desde sua inauguração, em outubro de 2017, houve a oferta de diferentes micropolíticas, dentre elas estão: Inauguração da Sala no Museu do Doce e Abertura da sala aos usuários; Aprovação da Sala de Leitura pelo COCEPE/ UFPEL. Publicação da Agenda do “Outubro Literário”no Museu do Doce; Três apresentações do Espetáculo “No Manantial” e “Melancia Coco Verde”, de João Simões Lopes Neto (JSLN); “ Novembro Literário no Museu do Doce”.  Publicação da Agenda do “Novembro Literário; Leitura teatralizada “Como as histórias se espalham pelo mundo. Lançamento do livro digital “Contos de Infância; “ Novembro na Feira do livro.” GELL e a Educação no Campo.” Contos Infantis de João Simões Lopes Neto”. Conferência “Maus tratos emocionais.” Ensaio para o Espetáculo de Natal na Reitoria; Abertura da disciplina “Contos e Poemas” para adultos da Universidade Aberta à Terceira Idade - UNATI; Publicação da agenda de eventos para 18 de Abril; Publicação da Agenda do “Abril Literário”; Lançamento do Curso de Aperfeiçoamento “Somos Loucos por livros”; Homenagem ao “Dia internacional do Livro”; Em 02/06/2018, lançamento de pesquisa “Meu livro na adolescência”; Em 12/06/2018, lançamento da Pesquisa “Amor aos quatro ventos”; Publicação da agenda de Junho da Sala “Inverno em boa companhia”; Visita à Biblioteca Pública Pelotense; Publicação do resultado de pesquisa “Livro da adolescência”; Publicação dos resultados da pesquisa “Amor aos quatro ventos”; Ensaio público de Pandolfo Bereba para o XII Congresso Nacional de Educação em Valores Humanos; Leitura para crianças no Casarão 8; Ensaio do GEEL para Leituras na Fenadoce; Realização de Leituras Literárias para escolas; Realização do Sarau de Contos e Poemas da Universidade Aberta à Terceira  Idade; Ensaio e Leitura dos Contos Morais de JSLN a convite da SMC para o dia do Patrimônio da Cidade; Leitura Contos Morais de JSLN para estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio Oziel Alves Pereira, de Canguçu; Abertura do programa “Literatura: Contos e Poemas em Língua Portuguesa II”, para a UNATI/UFPel, em 14/09/2018.
Entre os resultados, observamos que a sala foi noticiada na página da UFPel e, posteriormente, replicada em blogs e páginas online, o que conferiu visibilidade e credibilidade à proposição.
Para descrever com mais acuidade uma das proposições, escolhemos como foco o Novembro Literário, com participação do grupo GELL, Sala de Leitura, com apoio do Pet Educação prepararam uma agenda repleta de leituras e interações com crianças, escolas, autores e públicos. A feira do livro ocorre na Praça Coronel Pedro Osório todos os anos, no mês de Novembro a programação foi pensada para inserir a todos no mundo dos livros e seus ritos: ouvir, ler, sonhar, folhear, dialogar, pensar, usufruir, ou seja, deleitar-se com tramas personagens, desfechos, e incógnitas que só a boa literatura oferece.
Para aprimorar saberes, além de ler parte das obras dos autores clássicos, estudamos critérios para a escolha de obras a serem apresentadas aos pequenos na escola, o conceito de Letramento Literário e modos de realizar a Leitura Literária. Mas mais do que isso, inventamos.  Através de produções escritas, criamos uma receita para um dos personagens que admiramos. É disso que se constitui esse livreto. (ROSA, 2016).
Observando a quantidade, variedade e qualidade das micropolíticas propostas pela sala de leitura a usuários percebemos que ela realmente é uma estrutura acadêmica que integra ensino, pesquisa e extensão. Diante da centralidade das proposições, concluímos que seu foco, conforme anunciado em documentos, banners, na mídia e nas palavras da coordenadora, é a formação do leitor literário, especialmente pelo público que agrega, acervos que disponibiliza e práticas de leitura que promove.
Ao conhecer com mais expressividade uma das políticas desenvolvidas e tendo como documento-prova o livro digital produzido pelos participantes, pude concluir que a proposição de formar leitores literários foi o maior objetivo alcançado. Quanto ao produto livro digital pude compreender que é um formato que agrega pessoas em torno de uma ideia, produz um resultado imediato que pode ser partilhado, uma vez que está disponível online, e registra um momento. 


REFERÊNCIAS

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2009.

GONÇALVES, Sarah Suzane Bertolli. Letramento Literário e o Leitor em formação. Disponível em: <https://educacional.cpb.com.br/conteudos/universo-educacao/letramento-literario-e-o- leitor-em-formacao/> Acesso em 26 de abril de 2019.

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